Descrição de chapéu Eleições 2024

Vaivém de Datena na política já incluiu parcerias com Bolsonaro, Doria e PT

Filiado ao PSDB, apresentador não decidiu se será vice na chapa de Tabata

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São Paulo

Lançado pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB nesta quinta-feira (13), o apresentador José Luiz Datena (PSDB-SP) tem um histórico de vaivém na política partidária

O apresentador já flertou com diferentes políticos, de distintas ideologias, e integrou partidos de variados espectros. Essas movimentações políticas, contudo, acabaram não resultando em candidaturas de fato.

José Luiz Datena, no programa televisivo Brasil Urgente
José Luiz Datena, no programa televisivo Brasil Urgente - Reprodução

Desta vez, ele promete que vai até o fim, mas a incerteza sobre a decisão do jornalista é admitida nos bastidores do PSDB, que avalia internamente cenários sem o pré-candidato.

Veja alguns dos momentos de vaivém de Datena na política.

PSDB

Fotografia de Datena e Tabata Amaral em evento de filiação do apresentador ao PSDB. Datena veste camisa social azul e Tabata, camisa social branca
Filiação do Apresentador José Luiz Datena no PSDB com a presença do senador Jose Aníbal e da candidata a prefeita Tabata Amaral - Rubens Cavallari - 04.abr.24/Folhapress

Após um curto período no PSB, Datena decidiu mudar de partido e se filiar em abril ao PSDB para as eleições paulistanas de 2024, inicialmente para ser vice de Tabata Amaral (PSB).

O partido é o 11º em que o apresentador ingressa. Antes, Datena integrou o PT (de 1992 a 2015), PP, PRP, DEM, MDB, PSL, União Brasil, PSC e PDT.

Com a avaliação de que o jornalista poderia ajudar a ajudar a reposicionar o PSDB paulistano, que diminuiu e enfrenta uma série de divisões, Datena foi lançado pré-candidato.

Setores da legenda, no entanto, já traçam cenários alternativos, como o próprio ingresso na chapa de Tabata e o apoio à reeleição de Ricardo Nunes (MDB), que pretende insistir na aliança com a sigla.

Tabata Amaral (PSB)

Desde dezembro de 2023, Datena é cotado para compor a chapa de Tabata Amaral na disputa para a Prefeitura de São Paulo. No mesmo mês, o comunicador se filiou ao PSB, em evento que teve as presenças do ministro do Empreendedorismo, Márcio França, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, além, é claro, de Tabata.

O ministro Márcio França afirmou à Folha que uma união entre Tabata e Datena mudaria a disputa, já que considera o comunicador como um forte "nome nacional".

"Caso ele se disponha a ser candidato, será um arrasa-quarteirão. Ele desequilibra a disputa", disse França à coluna Painel. Segundo Tabata, à época, foi reiterado que Datena seria seu vice — o que ainda não foi confirmado.

Antes de se filiar ao PSB, o comunicador teve vínculo com o PDT entre abril e dezembro de 2023. O partido trabalhava com a possibilidade de ele ser candidato a prefeito em 2024.

Guilherme Boulos (PSOL)

Fotografia de Guilherme Boulos discursando em evento. Ele veste um terno preto com camisa azul clara e segura um microfone. Ao lado, Marta Suplicy aplaude e veste um vestido branco
A ex-prefeita Marta Suplicy assumiu a vice de Guilherme Boulos na eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2024 - Danilo Verpa/Folhapress/Danilo Verpa - 08.mar.24/Folhapress

Em abril de 2023, circulou nas redes sociais uma gravação em que Datena e o pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL) falavam sobre uma possível parceria para disputar a Prefeitura de São Paulo.

No vídeo, Datena pede a Boulos que ele "peite" o PT para garantir a chapa. "Se você peitar o PT e nós sairmos candidatos, se você falar para o Lula: eu quero o Datena como vice e sinto muito, nós podemos sair", afirma o apresentador na gravação.

Depois da divulgação do vídeo, Datena negou ter pedido para ser vice e chamou de "canalha" quem tornou pública a reunião.

A vice de Boulos na eleição para a Prefeitura de São Paulo foi assumida pela ex-prefeita da cidade Marta Suplicy. Ela retornou ao PT, depois de nove anos, para compor a chapa com o psolista.

Ciro Gomes (PDT)

Datena foi cotado para ser o vice do pedetista Ciro Gomes nas eleições presidenciais de 2022. O apresentador falou sobre a possibilidade um dia depois de ter confirmado seu nome como candidato ao Senado.

Na época, Ciro afirmou que a porta estava aberta para que os dois dessem continuidade à formação da chapa, mas a negociação não foi adiante.

Jair Bolsonaro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos)

Fotografia de Jair Bolsonaro e Datena. Datena veste terno preto, com gravata cinza e está em pé, com óculos escuros. Ao lado, Bolsonaro fala para diversos microfones. Ele veste uma camisa branca e sua expressão é de nervosismo
Datena ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro em coletiva de imprensa no Palácio da Alvorada - Gabriela Biló/Gabriela Biló - 07.out.22/Folhapress

Também em 2022, Datena avaliou a chance de se candidatar ao Senado com apoio do então presidente Jair Bolsonaro (PL) na chapa do hoje governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Na época, Datena era do PSC.

Bolsonaro chegou a falar a apoiadores que tinha "fechado com o Datena". Horas depois de o ex-presidente declarar seu apoio, o apresentador desistiu da disputa.

João Doria (PSDB)

Em 2021, Datena havia afirmado que apoiaria João Doria (à época do PSDB) para a disputa presidencial do ano seguinte. Ele também disse que iria apoiar a indicação de Rodrigo Garcia, pelo mesmo partido, para o Governo de São Paulo.

Na época, o apresentador foi anunciado pelo PSDB e União Brasil como pré-candidato ao cargo de senador. Quando João Doria desistiu de concorrer à Presidência da República, Datena chamou a decisão de traição.

"Doria fez o movimento errado de novo, ele deixa de ser o traído pelo PSDB e trai o Rodrigo Garcia. Por consequência, eu não tenho mais nenhum compromisso com essa chapa", disse à época.

O então governador recuou e manteve a candidatura, mas acabou desistindo de vez meses depois.

Bruno Covas (PSDB)

Em 2020, o comunicador foi um dos principais cotados a vice na chapa de Bruno Covas à Prefeitura de São Paulo. À época filiado ao MDB, Datena era visto como um nome de convergência para a campanha do psdbista – o cargo acabou sendo ocupado por Ricardo Nunes, que após a morte de Covas, se tornou prefeito de São Paulo.

O apresentador decidiu voltar atrás para se preparar e se lançar a governador, senador ou mesmo presidente da República em 2022 – o que não aconteceu. Segundo ele, havia um acerto com a Band para que ele se candidatasse dali a dois anos.

DEM

No DEM, Datena também cogitou concorrer ao Senado Federal na chapa de João Doria em 2018. Ele anunciou que deixaria a apresentação dos programas "Brasil Urgente" e o "Agora É com Datena", na Band, para se dedicar à candidatura. Durante o pleito, o apresentador gravou um vídeo elogiando Geraldo Alckmin, então presidenciável do PSDB.

Pouco tempo depois do anúncio de sua pré-candidatura, o apresentador retornou à grade da TV Bandeirantes e anunciou sua desistência. "Achei que não era a hora de participar dessa política do jeito que ela está aí", disse.

No mesmo ano, Datena foi alvo de críticas da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) em razão da possibilidade dele se candidatar pelo DEM. "José Luiz Datena foi filiado ao PT entre 1992 e 2015. Permaneceu filiado por DEZ ANOS após a eclosão do Mensalão. Agora ele quer nosso voto? Não terá.", afirmou Zambelli à época.

PP

Outro recuo marcante de Datena na política aconteceu nas eleições municipais de 2016. Pré-candidato pelo PP à Prefeitura de São Paulo, desistiu da candidatura em função de denúncias de corrupção contra o partido e anunciou sua saída da sigla. "Não posso permanecer em um partido que tomou mais de R$ 300 milhões da Petrobras.", disse.

Outro motivo indicado pelo político para sua desistência era a realização de eleições prévias dentro do PP para definir o candidato do partido, o que o faria concorrer contra o ex-prefeito da capital Paulo Maluf.

PT

Datena já foi filiado ao PT por 23 anos, de 1992 a 2015. O antigo elo com o partido gerou resistência de parte de bolsonaristas quando o apresentador tentou angariar o apoio de Bolsonaro.

Na época, o PT chegou a afirmar que o político não faria falta depois da desfiliação. "Não fará falta, pois não tem o perfil do partido; ele tem outro pensamento, outra conduta, nunca frequentou as reuniões partidárias", declarou o vereador Jorge Parada, à época presidente do PT de Ribeirão Preto, cidade em que o apresentador tinha registrado a filiação.

O apresentador já declarou publicamente que seu último voto em eleições presidenciais foi dado a Lula, em 2002. O apresentador afirmou ter justificado o voto em outras eleições.

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