Por que a geração Z é a mais estressada no trabalho e como lidar com a exaustão
Edição da Folha Carreiras dá dicas para gerenciar preocupações no emprego
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Tema da semana: por que a geração z é a mais estressada no mercado de trabalho?
Quem nunca ficou estressado no trabalho?
Pesquisa aponta que os jovens podem estar sentindo a tensão mais do que ninguém —especialmente aqueles na transição dos estudos para o ambiente profissional.
De acordo com estudo de 2023 da Cigna International Health com quase 12.000 trabalhadores de todo o mundo, 91% dos jovens da geração Z, de 18 a 24 anos, relatam estar estressados. Além disso, 98% apresentam sintomas de esgotamento no trabalho.
Por quais motivos?
- Insegurança: é uma geração que preza pela qualidade de vida e saúde mental, mas também é mais insegura e sofre com inconstância emocional, diz Renata Tavolaro, líder da equipe de psicólogos da orienteme, plataforma de gestão de saúde corporativa.
- Multitarefas: querer fazer várias coisas ao mesmo tempo para ser reconhecido no emprego, principalmente em início de carreira.
- Medo do desemprego: altas taxas de desocupação entre jovens causam incertezas sobre o futuro. Será que vão conseguir ter emprego e renda?
No último trimestre de 2022, a população jovem é a que mais sofreu com desemprego, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na faixa de 14 a 17 anos, a taxa é de 29%, seguido pelo grupo de 18 a 24, com 16,4%.
- Precarização das relações de trabalho: alguns jovens enfrentam dificuldades em acessar o mercado formal e são submetidos ao fenômeno da pejotização [contratos como pessoa jurídica].
O modelo traz oportunidades, mas tira os direitos trabalhistas do profissional, criando esse ambiente de incertezas e exposição de riscos na jornada de trabalho, diz Marcus Barão, presidente do CONJUVE (Conselho Nacional da Juventude do Brasil).
Xô, estresse. Veja dicas de como lidar com o sentimento causado pelo trabalho:
Autoconhecimento é a chave. Saber seu pontos fortes e fracos para aprender a gerenciar suas emoções.
- Por que isso importa? Quando a pessoa conhece seu próprio comportamento, é possível moldá-lo diante de uma situação de estresse. Por isso, é importante saber aquilo que nos faz bem, diz Emanuella Velez, psicóloga e mentora de carreira.
Fique atento nas escolhas. Procure empresas que oferecem benefícios e espaços voltados a cuidar da saúde mental do funcionário.
Busque ajuda. Procure uma rede de apoio composta por familiares e amigos, além de acompanhamento profissional com psicólogo.
Têm mais dicas na seção Minha Experiência, dá um scroll!
Saiba como conversar com seu chefe sobre suas aflições:
- Seja transparente. Sobre o que você deseja falar? Por exemplo: se sente que não há espaço para se desenvolver na empresa e precisa de um mentor, converse com seu líder e aponte as dificuldades, diz Tavolaro.
- Seja assertivo. A conversa tem que ser propositiva. Então, apresente o problema e sugira uma solução. Isso cria uma relação de confiança com seu gestor, diz Alini Dal Magro, CEO do Instituto PROA, organização que prepara jovens de baixa renda para o mercado.
Minha Experiência
Jovens da geração Z contam como se sentem em relação ao trabalho.
Maria teve seu primeiro emprego durante a pandemia, em 2020. "Foi um período em que tive burnout. Eu trabalhava em casa, fazia trabalho voluntário e fazia parte do movimento empresa júnior. Eu ficava de 10 a 15 horas no computador diariamente. Eram muitas coisas ao mesmo tempo, o que gerou um estresse muito grande".
Ela diz que sempre esteve envolvida em várias atividades por querer "fazer uma mudança social no mundo". E acrescenta: "para isso, precisava dar 300% de mim e me envolver com o máximo de coisas que pudesse. É uma característica da geração Z: querer viver dez anos em cinco".
Como lida com a carga de estresse? "Comecei a me comprometer com coisas inegociáveis, como não trabalhar de madrugada. É uma forma de trabalhar minha ansiedade e entender que está tudo bem não fazer determinada atividade. Tira esse peso de que preciso fazer tudo perfeito. Também me comprometi a não deixar minha saúde em décimo plano".
"No primeiro emprego, tive estresse por me cobrar muito e achar que não estava fazendo um bom trabalho. Muito desse estresse vem de uma dificuldade de equilibrar a vida profissional e pessoal. Isso gera uma sobrecarga em que, muitas vezes, nem é só a cobrança do empregador, mas também uma autocobrança".
Rayssa também diz que faltou inteligência emocional no começo de carreira. "A transição da educação para o mundo do trabalho é um processo difícil. Virar essa chave: você é universitário e, de repente, está em outro ambiente".
"Nós temos receio do desemprego e isso se soma a outros fatores, como querer abraçar o mundo e se empenhar tanto a ponto de chegar à exaustão. A gente dá tudo de si ou se esgota a ponto de não conseguir mais trabalhar da forma que gostaria".
Como lidou com essas situações? "Me dei conta do que estava me afetando e passei a fazer terapia. Passei a reconhecer o meu problema, entender as minhas emoções e como poderia me expressar melhor".
Itana conta que, trabalhando com varejo, precisa lidar com a pressão de prazos de entrega. "No início, era estressante, ficava preocupada se conseguiria entregar. Foi preciso trabalhar até mais tarde e abdicar de algumas coisas, mas aprendi que feito é melhor do que perfeito. Diferentemente do que aprendi na faculdade, nem tudo vai sair certinho no trabalho. É um processo de adaptação para o mundo real".
Como lidou com essa pressão? "Mantive minha rotina de terapia, com uma consulta semanal. É um momento revigorante porque consigo conversar sobre minhas angústias e preocupações. No home office, ajustei minha rotina e criei um equilíbrio entre trabalhar e ter os meus momentos [de lazer]".
Não fique sem saber
Explicamos dois assuntos do noticiário para você.
Conheça o GPT-4, a nova versão do chatGPT
Enquanto estamos debatendo como o ChatGPT irá afetar a sociedade, a startup OpenAI, responsável pela ferramenta, já anunciou uma versão avançada chamada GPT-4.
O que muda?
- Mais textos: enquanto o ChatGPT tem um limite de 2.000 palavras por texto gerado, o novo entrega artigos com até 25 mil palavras.
- Menos erros: o GPT-4 tem menor chance de cometer erros factuais ou dar respostas que ferem as diretrizes da empresa.
- Interpretar imagens: a ferramenta consegue identificar elementos de uma imagem e responder, por exemplo, o que seria possível fazer com esses itens.
- Mais inteligente: a nova versão melhorou em testes de física e química e é capaz de ficar entre os 10% melhores em uma prova admissional análoga à OAB nos EUA.
Já dá para usar? A tecnologia não está em uma interface aberta, e só os assinantes do plano ChatGPT Plus, disponível por US$ 20 (aproximadamente R$ 106), podem acessá-la.
É confiável? Segundo a OpenAI, desde agosto de 2022, período em que o treinamento do GPT-4 encerrou, o robô é testado para evitar comportamentos inadequados.
Teve empresa que se inspirou... o Google anunciou que o Gmail e o Google Docs terão ferramenta de inteligência artificial que escreve textos no lugar dos usuários, aos moldes do ChatGPT.
Opinião: A relação de chatbots com usuários pode ganhar tintas psicóticas, escreve o colunista da Folha Álvaro Machado Dias.
Entenda o que provocou a falência do banco SVB
Em menos de 48 horas, o SVB (Silicon Valley Bank), o 16º maior banco dos EUA, foi a falência. É a maior derrocada do setor bancário americano desde a crise financeira de 2008.
- O que é o SVB? A instituição foi fundada há 40 anos no polo tecnológico no Vale do Silício e logo se tornou uma solução financeira para startups.
- Por que? Essas companhias precisam de dinheiro para crescer, mas, por serem pequenas, têm dificuldade para obter crédito de bancos maiores. Assim, o banco desenvolveu-se ao abocanhar essa fatia do mercado.
O que explica a falência?
- Tudo ia bem em... 2020 e 2021, anos em que os juros praticamente zerados dos EUA serviram para impulsionar investidores a buscarem ativos de risco, algo que alavancou o investimento em startups e o crescimento do próprio SVB.
- Mas aí... em 2022, o Fed (o banco central do país) passou a subir os juros para frear a maior inflação registrada nos EUA em 40 anos. Os investidores deram um chega pra lá nas startups e priorizaram títulos do governo, que são mais seguros e passaram a ter maior rendimento.
- Daí foi ladeira a baixo. Como as startups precisavam continuar operando, a solução das empresas foi sacar o que tinham no SVB.
- E o banco? Para compensar os saques, ele vendeu parte de sua carteira de títulos do governo. O problema foi que o preço desses papéis caiu quando os juros aumentaram, e o SVB ficou com um prejuízo bilionário.
- A falência veio.. Quando startups e fundos correram para tirar mais dinheiro do banco e os pedidos somaram US$ 42 bilhões.
E agora? Autoridades dos EUA anunciaram que todos os clientes do SVB poderão sacar seus depósitos integralmente e o Fed vai criar um programa emergencial para financiar instituições financeiras e garantir que elas possam atender às necessidades de saques dos clientes.
Há problema para o Brasil? Ao contrário dos principais bancos da Europa e dos EUA, as instituições daqui passaram quase que ilesas do azedume. Isso pode criar oportunidades para compras de ativos baratos lá fora, afirmam especialistas.
- Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), embora a situação seja grave, ele diz que "aparentemente" o episódio não vai desencadear uma crise sistêmica. Mas startups brasileiras tentam contornar efeitos da falência do SVB.
Opinião: Regulação falha e execução ainda pior caracterizam sistema bancário dos EUA, escreve o colunista da Folha Samuel Pessôa.
Ouça no podcast Café da Manhã como um banco pode quebrar tão rapidamente e quais os impactos da quebra.
Encontre sua vaga -> Veja oportunidades de emprego para estágio, trainee ou efetivo aqui.
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