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Café na Prensa - David Lucena
David Lucena
Descrição de chapéu alimentação

Consumo de café gourmet dispara, e marcas enchem supermercados com novos rótulos

Setor identifica tendência de busca por qualidade e tenta alcançar consumidores mais exigentes

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São Paulo

O consumo de cafés do tipo gourmet no Brasil tem registrado altas expressivas, diferentemente do que tem sido observado nas linhas comuns, nas quais há estabilidade ou crescimento tímido.

Diante dessa tendência, as grandes empresas do setor, cujo carro-chefe são os cafés tradicionais, têm enchido as prateleiras dos supermercados com novas linhas superiores.

Dados fornecidos ao Café na Prensa pela Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) mostram que, em abril –período mais recente disponibilizado pela entidade–, a venda de cafés gourmet e especial cresceu 84,80% na comparação com o mesmo mês do ano passado, enquanto os tradicionais ficaram praticamente estáveis no mesmo período.

Embalagens de diferentes café sobre superfície de tijolos
Cafés gourmet que são frequentemente encontrados em supermercados - Danilo Verpa/Folhapress

Embora os números disponibilizados pela Abic não compreendam um período muito significativo, fontes do setor confirmam que o mercado gourmet cresce em ritmo no mínimo quatro vezes maior do que o tradicional.

Segundo Vinícius Estrela, diretor executivo da BSCA, entidade que representa o setor de cafés especiais no Brasil, algumas das razões para essa tendência são os concursos de qualidade, que servem como incentivo para que agricultores se dediquem à produção de grãos superiores, e o aumento da oferta de bebidas gourmet em cafeterias.

Mas um dos principais fatores, segundo Estrela, foi a entrada de grandes empresas do setor no mercado dos gourmet. Hoje, quase todas as grandes marcas de café do Brasil têm ao menos uma linha dedicada a grãos de qualidade.

Nas prateleiras do supermercado, o consumidor se depara com uma diversidade de rótulos cada vez maior. Esses cafés são, muitas vezes, categorias melhores produzidas por empresas que já tinham forte atuação no mercado de produtos mais baratos.

Exemplo disso é a Melitta, uma das gigantes do setor e responsável por uma fatia de mercado significativa no âmbito dos tradicionais. Após adquirir 70 % da Caffè Corsini, a marca lançou uma linha em parceria com a empresa italiana chamada de Compagnia Dell’Arabica, que tem quatro grãos de diferentes origens —Colômbia, Quênia, Índia e Costa Rica.

Segundo o CEO da Melitta na América do Sul, Marcelo Barbieri, a empresa, que já possuía algumas iniciativas nas categorias gourmet, deve continuar avançando nessa área. Ele confirmou ao blog que esse mercado vem crescendo em um ritmo mais acelerado do que os cafés tradicionais.

Executivos do setor afirmam, contudo, que o consumidor não está substituindo completamente os tradicionais pelos gourmet.

Para Susana Hernández, diretora de marketing da JDE, grupo que tem marcas como Pilão e L’Or em seu portfólio, o mesmo consumidor recorre a vários tipos de café em diferentes momentos do dia. Há um momento para cada categoria, explica Hernández.

Em que pese o lançamento cada vez mais frequente de cafés superiores, a investida dessas grandes empresas é tímida por uma questão de volume. Mais de 90% dos brasileiros ainda consomem cafés tradicionais.

COMO SABER SE UM CAFÉ É MESMO GOURMET?

Tradicional/extraforte, superior, gourmet e especial são categorias de classificação do café. Elas são classes de qualidade estabelecidas pela Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), de modo geral, e pela BSCA (Brazilian Specialty Coffee Association), no caso dos cafés especiais.

Confira abaixo as principais características de cada categoria:

Categorias de qualidade de café

Confira as diferenças entre café extraforte, tradicional, superior, gourmet e especial

  • Extraforte e tradicional

    Tem amargor intenso e é encorpado e adstringente. Corresponde à maioria dos cafés consumidos no Brasil.

  • Superior

    São menos amargos do que os tradicionais e extrafortes. Segundo a Abic, os cafés desta categoria têm amargor, doçura e acidez variando de leve a moderado. Podem apresentar notas sensoriais amendoadas e de chocolate.

  • Gourmet

    É uma bebida com baixo amargor. Possui acidez e doçura que variam entre níveis moderado e alto. Destaca-se pelos atributos frutado e floral.

  • Especial

    Diferentemente das categorias anteriores, esta não é atribuída pela Abic, mas sim pela BSCA, que avalia o café verde. São os cafés com ao menos 80 pontos na escala de 0 a 100. Os grãos não podem ter impurezas nem defeitos e produzem bebidas limpas e doces, com corpo e acidez equilibrados. Além disso, segundo a BSCA, eles devem ter rastreabilidade certificada e respeitar critérios de sustentabilidade socioambiental em todas as etapas de produção.

Para identificar a categoria, basta procurar a informação na embalagem. Normalmente o rótulo trará o selo da Abic indicando a qual classe ele pertence. Se for um café especial, também pode ter o selo da BSCA.

Se há o selo (da Abic ou da BSCA), significa que o café foi avaliado pelas entidades e efetivamente possui os atributos necessários para pertencer àquela categoria. Veja na galeria abaixo como é o selo da Abic e alguns exemplos de cafés de cada categoria.

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