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Café na Prensa - David Lucena
David Lucena
Descrição de chapéu alimentação Folha Prova

Caretas, muita água e ‘nem leite salva’: os bastidores da degustação de café em cápsula

Avaliação para o Folha Prova teve bom humor, alta ingestão de cafeína e surpresa com algumas marcas

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São Paulo

A degustação de café em cápsula na qual avaliamos as melhores e piores marcas do mercado envolveu muitas caretas, aromas duvidosos, bastante água e, claro, muito bom humor –pois só assim para relevar algumas amostras difíceis de esquecer.

Começamos muito bem. O primeiro café servido acabou sendo um dos preferidos por todos os degustadores. Parecia que teríamos uma mesa de prova promissora.

Cinco pessoas tomam café diante de uma mesa
Degustadores do Folha Prova avaliam várias marcas de café em cápsula - Gabriel Cabral/Folhapress

Até que o nível caiu bastante na segunda xícara. O café com amargor excessivo e certa adstringência logo nos trouxe de volta à realidade desigual do mercado de café em cápsula.

"Talvez com leite dê pra beber", disse Tiago de Mello, um dos jurados. Virou um bordão. A cada café ruim que chegava à mesa, Tiago emendava: "com leite, dá pra beber". Ou, quando o café era bom, dizia "esse dá pra beber puro".

Após algumas amostras duvidosas, pensamos: pior que isso não fica. "Sempre dá para piorar", alertava Tiago, sem filtro.

Estava certo. Logo chegou um café, digamos, inesquecível. Antes mesmo de beber, ao primeiro aroma, a reação dos degustadores variava entre caretas e expressões de surpresa –e medo pelo que viria na boca.

Não decepcionou. As caretas de desgosto se intensificaram quando efetivamente ingerimos o tal café.

"Esse nem leite salva", disse Tiago, para riso –e concordância– de todos.

Os jurados tinham níveis bem diferentes de repertório e conhecimento técnico sobre café. Mas, curiosamente, na maioria dos cafés não houve tanta discrepância entre as avaliações.

Não houve, por exemplo, um café que uns adoraram e outros odiaram. Quando o café era muito ruim, todos percebiam a baixa qualidade. Claro, os avaliadores mais técnicos conseguiam descrever com termos precisos os defeitos ou as notas sensoriais específicas de cada amostra.

Outra curiosidade é que nós não cuspimos os cafés após experimentá-los –como é praxe nos protocolos de degustação. Não ingeríamos as xícaras inteiras, claro; apenas o suficiente para avaliarmos a amostra. Ainda assim, após dez provas, consumimos uma dose significativa de cafeína.

Entre uma xícara e outra sempre tomávamos água. Em alguns casos, quando o café era muito ruim, era preciso um pouco mais de água. Mas tem café que não há água que apague. Você logo fica ansioso pela próxima xícara. Só assim para o paladar superar aquele gosto desagradável.

Ao fim, depois de dez amostras, litros de água e incontáveis caretas, foi a hora de conhecermos as marcas dos cafés que havíamos degustado às cegas.

Alguns causaram grande surpresa. "Esse café com cheiro de fumaça é dessa marca tão famosa?". Ou: "olha, até que essa marca não estava tão ruim".

Acabamos a degustação por volta das 15h, devidamente cafeinados e prontos para enfrentar uma tarde de trabalho acelerado –na qual redigi este texto em poucos minutos. Mas chega. É preciso desacelerar. Café, agora, só amanhã.

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