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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Nem sempre o título isento de IR é melhor; veja uma forma simplificada para comparar entre renda fixa isenta e tributada

A maioria dos indivíduos não sabe comparar retornos entre renda fixa isenta e tributada, e perde oportunidades

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Para decisão de investimento de renda fixa, temos de considerar, no mínimo, três elementos: prazo, risco e retorno. Comparar prazo é mais simples. Entretanto, a comparação de retorno e risco não é trivial, principalmente quando analisamos entre títulos corporativos isentos de IR e tributados. Neste momento, vou me concentrar na comparação de retornos.

A escolha adequada entre um título isento ou tributado pode melhorar o rendimento de sua carteira. Spencer Platt/Getty Images/AFP (Photo by SPENCER PLATT / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP) - Getty Images via AFP

Depois do artigo de antes de ontem, quando mostrei uma tabela equiparando rendimentos isentos de IR e seus equivalentes brutos de IR, recebi alguns e-mails me questionando como o cálculo teria sido realizado.

Entender como comparar títulos isentos com tributados é fundamental para fazer a escolha daquele que vai proporcionar melhor resultado para o portfólio.

Infelizmente, a conta precisa demanda que o cálculo seja realizado com mais cuidado e ela depende da taxa de juros e do prazo do título.

Entretanto, existe uma fórmula de bolso que simplifica a comparação de títulos isentos com seus pares tributados. Deve-se lembrar que toda simplificação carrega um erro.

No caso dos títulos pós-fixados, ou seja, daqueles referenciados ao CDI, escrevi como fazer a conta neste link. Naquele momento, alertei que a simplificação carrega um erro que se eleva com o prazo do título.

Mas, a simplificação é razoavelmente aceita. Vamos ver um exemplo aplicado a um título prefixado.

Na forma simplificada, para calcular o rendimento bruto de IR equivalente de um título prefixado isento, basta dividir o título isento por 1 menos a alíquota de IR.

Por exemplo, considere um título isento de IR com rendimento de 12% ao ano com vencimento em 2 anos. A taxa bruta de IR equivalente a ele é de 14,12% ao ano ( = 0,12/(1-0,15)).

Como expliquei, essa conta não é a precisa, pois o título tributado que tem retorno de 14,12% ao ano em dois anos equivale, mais precisamente, a um título isento com retorno de 12,12% ao ano. Em cinco anos, o retorno isento de IR desse título tributado será de 12,41% ao ano.

Como mencionei, perceba que o erro cresce com o prazo, mas a aproximação da fórmula de bolso é boa o suficiente para não ser descartada.

A complexidade do título referenciado ao IPCA vai um pouco além do prazo.

Um título referenciado ao IPCA é composto de duas parcelas de rendimento: o IPCA e a taxa real que é prefixada.

Assim, nestes títulos, não basta dividir apenas a parcela de juros real por 1 menos a alíquota de IR, como fizemos acima.

Neste caso, será necessário fazer uma premissa sobre a inflação futura, pois o IR incide tanto sobre juro real, quando sobre a inflação.

Logo, veja na tabela abaixo que quanto maior for o IPCA no futuro, maior será a vantagem do título isento sobre o tributado.

Taxa de juro real (txR, % aa) Expectativa de IPCA (% aa) Taxa real equivalente bruta de IR (% aa)
6,50% 3,00% 8,16%
6,50% 4,00% 8,33%
6,50% 5,00% 8,49%
6,50% 6,00% 8,65%
6,50% 7,00% 8,80%
6,50% 8,00% 8,95%

Na tabela acima considerei um título isento de IR com rendimento de IPCA+6,5% ao ano. Perceba que para cada expectativa de IPCA, temos uma taxa real bruta equivalente distinta.

Para o cálculo realizado na tabela, deve-se compor o rendimento do IPCA com o da taxa real, calcular a equivalência bruta de IR e, em seguida, extrair a taxa real, dividindo pelo IPCA novamente:

(((1 + IPCA)*(1 + txR) – 1)/ (1 - IR) + 1)/ (1 + IPCA) -1,
onde:
IPCA é a expectativa de inflação
txR é a taxa de juro real do título
IR é a alíquota de IR

Lembro que a conta acima é a da fórmula de bolso. Portanto, há um pequeno erro na estimativa, mas que compensa pelo benefício da simplicidade de cálculo.

Com esta fórmula simplificada, já será possível comparar adequadamente títulos isentos com tributados e entender qual dos dois promoverá melhor resultado em seu portfólio.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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