É Logo Ali

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É Logo Ali - Luiza Pastor
Luiza Pastor
Descrição de chapéu

Trabalho não é desculpa para se acomodar

Executivos bem-sucedidos mostram como a natureza os ajuda a ser mais produtivos

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Se você ainda pensa que fazer trilha é só para quem tem muito tempo livre e poucas responsabilidades para administrar, vamos lá, pense de novo. Você está completamente errado! É cada vez maior o número de executivos, daqueles que têm uma agenda mais cheia que a de Papai Noel na véspera do Natal, que descobriu que não apenas é bom dedicar algumas horas, ou dias, à natureza, como também é uma atividade que ajuda a dar conta do lado profissional.

Gente como a paranaense Camila Braga, 40, coordenadora de Marketing do banco Bari, que descobriu a paixão pelo mato como decorrência das corridas que pratica, tanto urbanas quanto as de cross country, ou seja, por trilhas em áreas rústicas.

Mulher executiva pratica cross country e trilha
Camila Braga, coordenadora de Marketing do banco Bari, corredora e trilheira - Reprodução do Instagram

"Por ser a natureza algo imprevisível, você não saber se vai chover ou se a subida é maior do que imaginava, andar por trilhas no meio do mato me ajuda muito a lidar com o inesperado do dia a dia e ter uma visão diferente de como enfrentar as coisas quando não acontecem como queríamos", conta ela.

O fato de, numa trilha, frequentemente o praticante ter de respeitar os limites do resto do grupo, que nem sempre vai no mesmo ritmo ou tem a mesma facilidade no percurso, também é um elemento que, para Camila, traz uma compreensão maior para a rotina do trabalho. "Você é parte de uma equipe, tanto na trilha como no trabalho, e a atividade ajuda a fortalecer a percepção de que é importante respeitar os outros, mas também nos obriga a mostrar nossa própria vulnerabilidade, os limites, saber que pode e deve pedir ajuda quando necessário", explica.

Ulisses Rodrigues, no Caminho de Santiago e no seu escritório na Intrum Brasil - Arquivo pessoal e divulgação da Intrum Brasil

O economista gaúcho Country Manager da Intrum Brasil, Ulisses Rodrigues, 56, confirma a perspectiva de Camila. Atuando no dia a dia na gestão de carteiras nas áreas de crédito, cobrança e desenvolvimento de empresas, começou a fazer trilhas no final de 2006, afirma, para se "desconectar do mundo corporativo".

"A gente termina a faculdade e já mergulha de cabeça na carreira", diz, "uma hora precisa parar para se desligar de tudo". Para ele, as semelhanças das trilhas com o mundo corporativo são inúmeras: "Nas duas há desafios, necessidade de compartilhar, de desenvolver empatia, de depender do grupo que, por seu lado, depende de você. E mesmo que no trabalho o ambiente seja mais agressivo, com interesses que muitas vezes são exclusivamente individuais, na natureza é ela que estabelece os limites e não tem como deixar os interesses do grupo de lado".

Tanto Camila quanto Ulisses são enfáticos em recomendar a caminhada como complemento de uma rotina cheia. "Quando alguém me diz que acha que não vai dar, que não sabe o que usar, se vai conseguir, eu sempre digo: 'Só vá, sinta como é único estar longe de tudo, nem que seja uma trilha curta, uma caminhada pela rua, 10 minutos que sejam para começar'", conta Camila.

E Ulisses completa: "Vivemos uma rotina que limita nossa capacidade de aprender e aprendemos muito com o desconhecido, com as lições da natureza e o convívio com pessoas que não fazem parte de nosso mundo corporativo. Tem um lado de entrega e exposição às surpresas, à chuva, ao frio, sempre é diferente e nos obriga a desenvolver e amplificar a empatia, a viver e conviver com o desconhecido".

E aí, vai ficar sentado nesse sofá?

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