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Descrição de chapéu LGBTQIA+

Redes repercutem ofensa transfóbica de Nikolas Ferreira a Erika Hilton na Câmara

'Pelo menos ela é ela', diz deputado em vídeo postado no próprio perfil; ao #Hashtag, Hilton diz que ambiente democrático da casa não está sendo respeitado

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Belo Horizonte

Repercute nas redes sociais uma postagem feita pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), gravada durante reunião da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, na Câmara, nesta quarta-feira (5). A audiência contava com a presença da ministra Cida Gonçalves (Mulheres).

O vídeo mostra uma discussão fora dos microfones entre as deputadas federais Erika Hilton (PSOL-MG) e Julia Zanatta (PL-SC), interrompida por um comentário transfóbico de Nikolas. Enquanto Hilton chamava Zanatta de "ridícula", "feia" e "ultrapassada", o deputado rebate: "Pelo menos ela é ela."

"O que eles querem é justamente pautar nossas existências até nós não suportarmos mais, que desistamos e não tenhamos mais forças para lutar pelos nossos direitos e pela visibilidade e avanço de nossas pautas. Não conseguirão", diz Hilton ao #Hashtag.

Segundo ela, os ataques transfóbicos que sofre no exercício da atividade parlamentar "evidenciam que o ambiente de debate democrático na Câmara não está sendo respeitado, em especial pelos parlamentares da bancada bolsonarista."

Procurado pelo blog, Nikolas não respondeu até a publicação desta reportagem.

Erika Hilton, uma mulher transexual negra de longos cabelos claros e ondulados, aparece vestindo óculos escuros domina o primeiro plano desta imagem vibrante, capturada em um evento de orgulho LGBTQIA+. Ela veste uma blusa com as cores da bandeira do Brasil. Ao fundo, um arco de balões coloridos emula as cores do arco-íris, símbolo universal do orgulho LGBTQIA+, enquanto outras pessoas participam da celebração ao redor.
Erika Hilton, deputada federal pelo PSOL-SP, participa da Parada LGBTQIA+ na avenida Paulista - Zanone Fraissat - 02.jun.24/Folhapress

Julia Zanatta, deputada envolvida na discussão, republicou o trecho do vídeo de Nikolas em uma publicação no Instagram, questionando: "Você sabia que o transativismo persegue e subjuga mulheres?"

Não é a primeira vez que Nikolas Ferreira está envolvido em casos de transfobia. Em 2023, no Dia Internacional da Mulher, o deputado vestiu uma peruca loira e disse, em discurso na Câmara, que as mulheres estariam "perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres".

Em dezembro de 2023, o TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) negou recurso do deputado e confirmou a condenação em primeira instância que o obrigava a indenizar a também deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) por transfobia. Em 2020, quando ambos foram eleitos vereadores em Belo Horizonte, ele insistiu em chamar a colega com os pronomes masculinos.

Diante de mais um caso discriminatório, postagens sobre o assunto começaram a viralizar nas redes sociais.

A ofensa ainda inflamou a base de apoiadores de Nikolas. Basta uma breve pesquisa nos comentários e compartilhamentos da postagem original para encontrar diversos usuários apoiando o deputado. Enquanto uns o chamam de "moleque" e pedem por sua prisão, outros dizem que ele foi "cirúrgico" ao defender Zanatta, rindo e chamando o parlamentar de "mito".

No X, ex-Twitter, o deputado compartilhou uma postagem que ironizava sua atitude, escrevendo: "Podem dizer que eu não sou homem, mas eu posso provar". A afirmação vai na contramão do o que afirmam especialistas dos estudos de gênero, que repudiam tentativas de reduzir a identidade de gênero de uma pessoa à sua genitália.

Embora não tenha comentado diretamente o ocorrido nas suas redes sociais, a deputada Erika Hilton compartilhou uma citação do ativista pelos direitos humanos e defensor do nacionalismo negro Malcolm X, pedindo para que as pessoas não confundam "a reação do oprimido com a violência do opressor".

O crime de transfobia é caracterizado por condutas que "envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém". As aspas são da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que em 2019 criminalizou a homofobia e a transfobia no âmbito da Lei de Racismo.

Penas variam de um a três anos de prisão, com multa, e podem chegar a até cinco anos de detenção em caso de ampla divulgação do ato.

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