O Mundo É uma Bola

O Mundo É uma Bola - Luís Curro
Luís Curro

Caçula da seleção na Copa admira zagueiro espanhol e considera Marta imprevisível

Lauren, 20, que começou nas ruas de SP e hoje joga na Europa, diz que evolução do futebol feminino 'depende de todos'

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A zagueira Lauren, usando o uniforme azul da seleção feminina de futebol, sorri e faz o sinal de V com a mão direita

Lauren, 20, uma das zagueiras da seleção feminina na Copa do Mundo da Austrália e da Nova Zelândia Thais Magalhães/CBF

Com 20 anos, Lauren Leal é a mais jovem das 23 jogadoras do elenco que a treinadora sueca Pia Sundhage tem à disposição para a disputa da Copa do Mundo na Oceania.

O Brasil estreia nesta segunda (24), contra o Panamá, em Adelaide (Austrália), e a zagueira não começará jogando, o que não a incomoda, até porque uma das titulares (Rafaelle, 12 anos mais velha) é considerada por ela uma referência.

"Estar aqui [na Copa] já é algo muito importante, mas independentemente disso eu vou dar o meu melhor nos treinos", declara a paulista de Votorantim (105 km a oeste de São Paulo), ressaltando estar preparada para jogar se e quando necessário.

Usando a camisa com o número 14, a zagueira Lauren conduz a bola em partida da seleção brasileira
A zagueira Lauren conduz a bola em partida pela seleção brasileira na She Believes Cup de 2023, em Dallas (EUA) - laurenleal no Instagram

O Brasil entra na Copa do Mundo para ser campeão, para buscar a tão sonhada estrela e fazer história

Lauren

zagueira da seleção brasileira

Lauren, que se destaca pela visão de jogo –o que lhe permite bom desempenho nas antecipações e capacidade de executar lançamentos longos–, começou a jogar na rua, "como uma brincadeira", antes dos 10 anos.

Sua carreira, que contou com apoio fundamental do pai, evoluiu gradativamente e ela hoje, depois de passar um período no São Paulo, é titular do Madrid CFF, clube fundado há 13 anos e que ficou em quinto lugar no último Campeonato Espanhol.

Suas grandes inspirações quando criança e adolescente para fortalecer a decisão de atuar na zaga foram Érika, 35, duas Copas do Mundo no currículo (2011 e 2019), atualmente no Corinthians, e o espanhol Sergio Ramos, 37, ícone na história do Real Madrid e campeão na Copa de 2010.

E o que dizer de Marta, a principal craque do Brasil, eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo e contra quem a zagueira tem de duelar às vezes no treinos? "É sempre difícil enfrentá-la porque ela é muito imprevisível", resume sobre a camisa 10, que Lauren considera uma lenda do futebol mundial.

Em entrevista à Folha nesta semana em intervalo da preparação para o Mundial, feita por intermédio da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), a jogadora comentou também acerca da evolução do futebol feminino.

Para Lauren, um espaço maior a ser conquistado por elas, que passa pela conquista de uma estrutura melhor de trabalho, "depende de todos": atletas, treinadores, clubes e confederações.

Mostrando o número 14 na camisa azul da seleção brasileira, a zagueira Lauren vibra em foto em Gold Coast, na Austrália
A zagueira Lauren vibra em foto com a camisa da seleção brasileira em Gold Coast, na Austrália - laurenleal no Instagram

Com 20 anos, você está em sua primeira Copa do Mundo com a seleção principal. Acredita que tem chance de ser alçada à equipe titular, apesar da forte concorrência?

É claro que estar aqui já é algo muito importante, mas independentemente disso eu vou dar o meu melhor nos treinos e nas oportunidades que eu tiver, e a decisão [sobre quem joga] fica para a Pia [Sundhage, treinadora da seleção brasileira]. Eu estou aqui para ajudar da maneira que for preciso e da maneira que for melhor para mim e para a equipe.

Você é a mais jovem das 23 da seleção, e a mais velha é a Marta (37 anos), que disputará a sexta Copa do Mundo dela. O que dizer sobre ela? É comum ter que marcá-la nos treinamentos?

A Marta é uma jogadora e uma pessoa excepcional, ela está sempre alegre e contagiando todo mundo. Dentro de campo, acho que a história dela fala por si só, não tem ninguém que pode tirar ou acrescentar alguma coisa. Ela é uma lenda no futebol feminino, no futebol mundial, e é claro que é sempre muito difícil enfrentá-la porque ela é muito imprevisível.

Como você avalia as chances do Brasil na Copa do Mundo? Qual seria uma boa colocação para o time?

Em uma Copa do Mundo estão as melhores jogadoras do mundo. São seleções fortíssimas, mas o Brasil entra nessa competição para ser campeão, para buscar a tão sonhada estrela e fazer história. O lugar que eu colocaria o Brasil é a primeira colocação porque é o nosso objetivo.

O que falar da Espanha, cujas jogadoras você conhece pois joga lá (pelo Madrid CFF)?

A Espanha é um time muito forte, tem jogadoras e peças muito boas. Teve alguns problemas internos recentemente [desentendimentos entre as atletas e o treinador], mas não deixa de ser uma grande seleção, com um grande potencial.

Você começou a jogar futebol com quantos anos e por quê?

Eu comecei a jogar bola como uma brincadeira, na rua, e foi algo muito natural na minha vida, que foi evoluindo. Eu comecei com 7, 8 anos, nessa faixa etária, mas em um clubes mesmo, só de meninas, eu entrei com 11 ou 12.

Que jogadores ou jogadoras você admirava quando criança? Que jogadores ou jogadoras você admira atualmente?

Na minha infância eu sempre admirei muito, e admiro até hoje, a zagueira Érika. Pelo Sérgio Ramos [ex-zagueiro do Real Madrid e do PSG, campeão mundial com a Espanha em 2010, na África do Sul] também sempre tive admiração. Hoje a Érika não está mais atuando [pela seleção], e a pessoa que é uma referência e com quem felizmente eu posso jogar ao lado é a Rafaelle [titular da seleção], que é uma grande e excepcional zagueira, uma das melhores do mundo. Ela hoje é uma grande referência.

Você é uma zagueira que possui a característica de fazer, do campo de defesa, lançamentos para o ataque. É uma jogada de alto risco, que exige força e precisão. Há algum segredo para executá-la bem?

Cada lance é um lance, é uma situação, é um contexto de jogo diferente. Quando a gente vê que tem vantagem no lançamento, eu faço e eu arrisco. Tento acertar o máximo lançamentos possível. Essa é uma jogada treinada como todas as outras, é uma estratégia de jogo.

Olhando para o futuro, o que você mais almeja na carreira profissional? Tem algum grande sonho?

O meu grande sonho é ser campeã da Copa do Mundo. O momento profissional que eu vivo atualmente é muito bom, acredito que na minha carreira como profissional estar aqui na Copa, tão jovem, é uma grande conquista.

O que é preciso para reduzir a distância enorme do futebol feminino para o masculino?

Acredito que o futebol feminino não tem que ser comparado ao masculino. A gente tem que ganhar nosso próprio espaço, e estamos conquistando isso. Para acontecer, depende de todos: das atletas, das comissões técnicas, dos clubes, das confederações, das entidades, todos caminhando em prol da evolução do futebol feminino.

Qual o papel da seleção brasileira para que o futebol feminino possa ser mais valorizado?

Acredito que a seleção pode ajudar fazendo o que está sendo feito, reconhecendo todos [os profissionais] que já estiveram aqui, que fizeram parte disso. E reconhecendo quem está aqui, valorizando e dando melhor estrutura para que as jogadoras possam buscar os objetivos.

A zagueira Lauren, da seleção brasileira de futebol, posa para foto com os braços cruzados; ela usa camisa amarela, calção azul e meiões brancos
A zagueira Lauren, número 14 da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2023 - Thais Magalhães/CBF

RAIO-X DE LAUREN

  • Nome: Lauren Eduarda Leal Costa
  • Idade: 20 (13.set.2002)
  • Cidade natal: Votorantim (SP)
  • Posição: Zagueira
  • Altura e peso: 1,78 m e 65 kg
  • Clubes: São Paulo (2017 a 2021) e Madrid CFF (a partir de 2022)
  • Título: Sul-Americano sub-20 com a seleção brasileira (2022)

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