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Pitaco Cultural - Mariana Agunzi
Mariana Agunzi
Descrição de chapéu Artes Cênicas

Sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima sobem ao palco em SP

Peça 'Os Três Sobreviventes de Hiroshima' terá quatro apresentações gratuitas na capital paulista

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São Paulo

"De repente, tudo muito claro. Na hora, pai me colocou embaixo da mesa e depois abaixou. Junto veio o 'tum', uma explosão muito grande. E então porta, janela, armário, escritório de madeira... tudo caindo. Pai me tirou da madeira e, quando olhei, costa de pai tudo sangrando."

O relato forte, dado num português que carrega os traços de quem deixou a terra natal ainda jovem, é um dos que sustentam o espetáculo "Os Três Sobreviventes de Hiroshima". Como o nome diz, a peça reúne, em forma de teatro-documentário, sobreviventes da bomba atômica. Serão quatro apresentações gratuitas em São Paulo: de sexta (12) a domingo (14) e na próxima quarta (17).

Takashi Morita, homem japonês idoso, está em pé no palco falando em um microfone
O sobrevivente Takashi Morita em cena de versão anterior do espetáculo de 'Os Três Sobreviventes de Hiroshima' - Divulgação

Kunihiko Bonkohara, de 82 anos, e Junko Watanabe, de 80, sobem ao palco para narrar suas lembranças e marcas do dia 6 de de agosto de 1945, quando os Estados Unidos lançaram a bomba atômica sobre Hiroshima, no Japão.

Na época, os sobreviventes eram crianças –Bonkohara tinha 5 anos e perdeu a mãe e a irmã no atentado. Junko, que tinha apenas 2 anos, só descobriu que era uma sobrevivente já adulta, aos 38. A família escondeu a condição durante anos para que ela não sofresse preconceito.

Já Takashi Morita, o terceiro sobrevivente, é interpretado nesta versão pelo ator Ricardo Oshiro. Na explosão, Morita tinha 21 anos e era militar. Ele é autor do livro "A última mensagem de Hiroshima" e tem hoje 99 anos.

Apesar da densidade da narrativa, a peça usa como fio-condutor a busca dos três imigrantes pela paz –o espetáculo deu origem ao projeto Sobreviventes Pela Paz, que promove palestras, estudos e debates que visam alertar sobre os perigos da guerra, e que se torna ainda mais relevante com a Guerra da Ucrânia.

A tragédia de Hiroshima

No dia 6 de agosto de 1945, final da Segunda Guerra Mundial, os EUA lançaram o primeiro de dois artefatos atômicos sobre Hiroshima. Cerca de 40% dos 350 mil habitantes da cidade morreram, metade incinerada imediatamente.

Três dias depois, uma segunda explosão, sobre Nagasaki, ajudaria a selar o fim da Segunda Guerra Mundial. Os números não são muito precisos, mas estima-se que nos dois bombardeiros morreram 200 mil pessoas.

*

Os Três Sobreviventes de Hiroshima
Teatro Paulo Eiró - Av. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro. Sex. (12) e sáb. (13), às 21h. Dom. (14): 19h. Grátis

Fábrica de Cultura Brasilândia - Av. General Penha Brasil, 2.508, Brasilândia. Qua. (17): 15h. Grátis

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