Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bolsonaro elimina Salles para abafar cheiro de corrupção no governo

Presidente tenta reduzir riscos no momento em que surgem suspeitas sobre a Covaxin

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Ricardo Salles sobreviveu a recordes de desmatamento, ao avanço do garimpo, às pressões do novo governo americano e à crise das queimadas na Amazônia. Colheu elogios do chefe e continuou tocando a boiada do desmonte da política ambiental. Ele só começou a perder espaço quando apareceu no centro de suspeitas de corrupção.

O ministro era um queridinho de Jair Bolsonaro porque cumpria uma dupla função: animava as bases radicais do governo com um discurso antiesquerda e atendia aos interesses de ruralistas, garimpeiros e madeireiros. Ainda que fosse uma peça política importante, Salles se tornava um problema cada vez maior, num momento delicado.

Bolsonaro sabia há pelo menos 15 dias que precisaria demitir o ministro. O Palácio do Planalto recebeu informações sobre o avanço das investigações contra Salles no inquérito que apura um esquema de exportação ilegal de madeira. O presidente percebeu que seria impossível mantê-lo no cargo sem que o caso respingasse no centro do governo.

A corrupção é um ponto vulnerável do tecido político bolsonarista. O presidente usa o discurso contra a roubalheira para atacar adversários e defender um governo que não tem grandes resultados para mostrar. Se Salles caísse de vez nas mãos da Polícia Federal enquanto estivesse no cargo, com o apoio efusivo do chefe, a costura poderia se desmanchar.

O presidente acertou a demissão do auxiliar e tentou se livrar desse risco no mesmo dia em que se avolumaram suspeitas sobre a negociação para a compra de vacinas contra a Covid-19. Um deputado governista disse ter avisado a Bolsonaro que havia um “esquema de corrupção pesado” nos contratos da Covaxin.

A reação do governo reflete o desespero diante dessa história: o Planalto ameaçou o denunciante e mandou investigar o servidor que havia alertado para os problemas do negócio. Proteger Bolsonaro das suspeitas de corrupção desse caso passou a ser prioridade. Salles teria que ser um problema a menos.

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