Mais que um esperado ato simbólico em defesa da democracia, a cerimônia de reabertura do STF foi usada para o lançamento de um consórcio. Representantes do tribunal, do governo, do Congresso e do Ministério Público apresentaram no plenário reconstruído um compromisso continuado de combate ao golpismo.
As autoridades que discursaram na corte escolheram ir além da condenação às invasões de 8 de janeiro. A intenção era demonstrar que há uma aliança institucional para aplicar punições a um amplo grupo de responsáveis pelos ataques.
Rosa Weber indicou a manutenção de um processo que deve ir além daqueles envolvidos diretamente na depredação das sedes dos três Poderes. A presidente do Supremo apontou a necessidade de punir com o rigor da lei "os que a conceberam, os que a praticaram, os que a insuflaram e os que a financiaram".
A mensagem reforçou a disposição do tribunal de responsabilizar também agentes políticos que alimentaram o caldo golpista. No grupo dos que "a insuflaram", dificilmente seria possível livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
Lula fez questão de emprestar um apoio institucional a essa investida. Registrou apreço pelo que chamou de "decisões corajosas e absolutamente necessárias" do STF (incluindo também as mais controversas) e falou num esforço conjunto para evitar "um milímetro de recuo" na estabilidade da democracia.
Mesmo o comedido presidente do Congresso, ainda antes de garantir sua reeleição, aderiu ao grupo. Rodrigo Pacheco disse que o ataque não será esquecido e "produzirá consequências severas aos responsáveis".
A produção de resultados concretos vai depender de uma ação permanente, sem concessões a pressões por acordões e anistias. Por enquanto, nem o improvidente procurador-geral da República teve coragem de sugerir esse caminho. Augusto Aras elencou centenas de denúncias apresentadas contra os golpistas e ainda se explicou pela própria omissão nos últimos anos.
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