Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Lula ainda calcula risco de comprar e não levar apoio do centrão

Presidente decidiu fechar acordo, mas mantém desconfiança sobre disposição do bloco de entregar maioria consistente

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Lula já preparou uma cama para o centrão no governo, mas jura que vai se deitar com o grupo a contragosto. Durante o relançamento do PAC, há cerca de duas semanas, o petista recebeu Arthur Lira no palanque e apontou que só negocia com o presidente da Câmara por obrigação. "Ele é nosso adversário e vai continuar sendo adversário", disse.

O principal alvo da mensagem é o núcleo da base eleitoral de Lula, que vê Lira como rival e trata a aliança com o centrão como uma concessão amarga. O discurso também tem o objetivo de apresentar as conversas como um imperativo republicano e amenizar a repulsa de quem torce o nariz para negociatas políticas.

A qualificação de Lira como opositor inconvertível também reflete uma percepção enraizada no Palácio do Planalto que ajuda a explicar o ritmo atravancado da reforma ministerial de Lula. O petista está decidido a fazer o acordo com o centrão, mas o governo mantém uma desconfiança genuína em relação ao bloco e ao presidente da Câmara.

Lula e seus ministros empurram a reforma com a barriga porque ainda calculam o risco de comprar o apoio do centrão e não levar para casa uma maioria consistente no plenário. Os deputados do grupo de Lira podem votar a favor de itens de uma pauta consensual, mas não escondem o jogo duro que fazem com tópicos vinculados a uma agenda petista.

Para articuladores do governo, a entrega de ministérios não fará com que o centrão passe a apoiar incondicionalmente propostas como a taxação dos mais ricos, a ampliação de espaços no Orçamento e, em especial, projetos que bombem a popularidade de Lula sem que haja um benefício claro para os deputados.

Segundo aliados do petista, o valor de face do centrão pode ser maior do que o retorno que o grupo está disposto a entregar. Nesse cenário, o presidente tateia os limites de um certo endurecimento nas negociações da reforma: controla o tempo das trocas e regateia para não entregar, de uma vez, todos os espaços reivindicados pelo grupo de Lira.

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