Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu petrobras Governo Lula

Ministro trata conflito pela Petrobras como campanha aberta de oposição

Alexandre Silveira encontrou forma de disputar poder falando o que Lula quer ouvir

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Alexandre Silveira levantou fervura numa briga que anda em banho-maria desde o início do governo. O ministro de Minas e Energia tem conflitos notórios sobre os rumos da Petrobras com o presidente da empresa, Jean Paul Prates. O chefe da pasta decidiu tratar a desavença como uma campanha aberta de oposição.

Silveira se sentou para uma entrevista à Folha sem disposição para disfarçar seu desapreço. Perguntado se Prates tem qualidades necessárias para conduzir a companhia, o ministro respondeu que não rotularia ninguém. Depois, foi incapaz de mentir sobre o que pensa do colega: "A avaliação da gestão do presidente da Petrobras eu deixo a cargo do presidente da República".

Na conversa, o ministro culpou o chefe da Petrobras pela tensão na distribuição dos dividendos da empresa. Sem sutileza, sugeriu que o problema teria sido evitado caso Prates fizesse o que ele (Silveira) quer. "Se o presidente da empresa, naquele momento, tivesse votado com o conselho, não teria tido barulho."

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante entrevista à Folha em seu gabinete - Pedro Ladeira/Folhapress

O ministro está no cargo por indicação do presidente do Senado e se aliou ao chefe da Casa Civil, mas algo mais explica a desenvoltura com que ele desfere suas pancadas. Silveira bate em Prates porque encontrou uma maneira de disputar poder falando o que Lula quer ouvir.

Com uma carreira política que o aproximou de José Alencar e Aécio Neves, o ministro é hoje um crítico vocal de "lucros exorbitantes" na Petrobras. Em outras áreas, liderou a tentativa de emplacar Guido Mantega na chefia da Vale, defende a revisão de cláusulas da privatização da Eletrobras e ensaiou uma dobradinha com Guilherme Boulos para emparedar a Enel em São Paulo.

Lula deixa o confronto entre Silveira e Prates correr solto. O presidente entende que mudanças na empresa dependem mesmo de alguns solavancos. O problema é quando os choques travam ou aumentam a incerteza sobre políticas estratégicas da companhia. Silveira dá todas as indicações de que só ficará satisfeito quando derrubar Prates.

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