Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Singapura, um exemplo de planejamento para o mundo

A infraestrutura da cidade-estado atende 5,7 milhões de pessoas em área equivalente à metade da capital paulista

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A história do planejamento urbano em Singapura começa há mais de 50 anos. É verdade que 150 anos de domínio colonial britânico criaram um próspero entreposto ao redor de seu porto, mas fora do distrito comercial central haviam somente pântanos e vilas kampong pobres. A maior parte da população vivia apinhada em cortiços miseráveis. Não havia sequer abastecimento de água confiável.

Ao longo dos últimos 50 anos, o planejamento urbano criou em Singapura uma cidade brilhante, num centro financeiro global. Emoldurada por uma expressiva vegetação urbana, a cidade apresenta uma coleção de deslumbrantes projetos arquitetônicos assinados por ícones internacionais como Kenzo Tange, Paul Rudolf, Zaha Hadid, Ole Scheeren, Norman Foster, Richard Meier e Moshe Safdie.

A infraestrutura pública dessa cidade-estado, compreendendo uma ampla rede de transportes, sistema de educação, saúde e estradas excelentes, atende uma população de aproximadamente 5,7 milhões em uma área de 720 quilômetros quadrados, cerca de metade da área do município de São Paulo.

Vários prédios altos, mar e pessoa caminhando em frente à câmera
Mulher caminha por Singapura, com skyline à vista - Edgar Su/Reuters

Singapura atingiu esse estágio por meio de um planejamento de longo prazo. Seu pequeno tamanho e confinamento como o de uma ilha significam que cada metro quadrado é importante. Os princípios gerais de planejamento incluem o adensamento e a verticalização em larga escala, para economizar espaço e otimizar o custo da infraestrutura.

Além disso, a consideração cuidadosa do equilíbrio das funções dos edifícios, incorporando significativas quantidades de vegetação, desenvolvendo centralidades estrategicamente alocadas fora do distrito central de negócios, e garantindo moradias suficientes, com qualidade adequada, completam o modelo de planejamento.

O cerne do plano de desenvolvimento da cidade incluiu investimento massivo em infraestrutura urbana, e a eliminação completa do déficit habitacional com moradias subsidiadas e acessíveis. Esteve sempre presente ao longo do processo de planejamento a preocupação com a sustentabilidade, ao serem introduzidos padrões de construção que minimizassem a quantidade de calor absorvida, e enfatizada a implantação de vegetação nos espaços públicos e privados.

O desenho urbano também teve atenção especial, tudo foi planejado, até mesmo as calçadas e passarelas cobertas em torno dos prédios públicos. A população tem acesso a uma gama completa de opções numa rede altamente permeável e confortável de transporte público, atingindo especialmente os deslocamentos denominados “primeira e última milha”, reduzindo assim, significativamente, as razões para utilização do automóvel.

Planejamento adequado, obstinação e disciplina na implantação transformaram Singapura, num curto período, em uma cidade mundial com uma qualidade de vida incrível. Ela funciona perfeitamente, com melhorias contínuas e atualizações incessantes de uma infraestrutura cujo padrão de operação está entre os melhores do mundo.

Singapura regularmente lidera os rankings internacionais de classificação de cidades. No ano passado, por exemplo, foi classificada como a número um no índice de cidades do Juniper Research Global Smart, reconhecida como sendo a líder em políticas de mobilidade inteligente e aplicação de tecnologia.

A cidade está estruturada sob uma rede sensores de última geração e análise de dados avançada. Sensores e câmeras espalhadas por toda Singapura coletam dados e retransmitem para as agências relevantes, que os analisam para as necessárias interações e melhorias dos serviços públicos.

Há alguns anos, tive o prazer de conversar longamente com o urbanista malaio Liu Thai Ker, um dos responsáveis pela transformação ocorrida em Singapura após o fim do período de colonização britânica, e que esteve à frente da Autoridade de Desenvolvimento Urbano da cidade por 20 anos. Perguntei-lhe o era necessário para planejar uma cidade e alcançar os resultados obtidos em Singapura. Sua resposta: “é necessário que o planejador tenha um coração humano, uma cabeça científica e uma visão artística!”.

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