Colo de Mãe

Cristiane Gercina é mãe de Luiza e Laura. Apaixonada pelas filhas e por literatura, é jornalista de economia na Folha

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Mães se dividem sobre seguranças armados nas escolas, diz estudo

Núcleo de Integridade da Informação, da agência Nova SB, monitorou comportamento materno nas redes em abril

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São Paulo

As falsas informações sobre ataques em escolas no mês de abril movimentaram as redes sociais, causando medo em mães, pais, filhos, professores e demais funcionários de escolas públicas e privadas do país. A movimentação foi monitorada pelo Núcleo de Integridade da Informação, da agência Nova SB.

Entre os dias 1 e 17 de abril foi analisado o comportamento de mães em redes sociais, 21.597 menções em postagens e comentários envolvendo os temas escolas, creches, ameaças, ataques e armas. A situação dividiu o país: de um lado, mães que defendem a contratação de seguranças armados nas escolas; de outro, mães que são contra.

Detectores de metal usados na Escola Municipal Bom Jesus, no bairro Jardim Novo Mundo, Goiânia (GO); mães se dividem entre ter ou não segurança armada nas unidades de ensino - Laís Borges/Prefeitura de Goiânia

Para encontrar as publicações e comentários de mães, a equipe utilizou um filtro pós-coleta que identificou posts com os termos "meu filho", "minha filha" e variações. Em seguida, filtraram-se posts feitos por mulheres e foi realizada a análise qualitativa manual de todas as publicações filtradas.

Os resultados apontam debates acalorados nas redes, segundo Marcus Vinicius di Flora, historiador e analista-chefe de Núcleo de Integridade da Informação. "O mais importante foi o clima de medo e pânico que se instalou em função dos ataques ocorridos e do clima criado no âmbito das redes sociais, com as ameaças, às vezes até com memes", diz.

De acordo com o pesquisador, pessoas brincavam com "assunto muito sério". "Mães se sentiram desprotegidas e acabaram sentindo um pânico muito grande por conta de falsas informações nas redes e, até mesmo, na comunidade escolar. O medo foi muito potencializado pelas redes, coisa muito cruel com mães, crianças e professores", afirma.

O estudo da agência, que teve duas fases —uma delas qualitativa em grupos abertos de WhatsApp—, mostrou que para causar pânico, os criminosos driblam o algoritmo das redes sociais utilizando músicas e imagens com mensagens subliminares para divulgar discurso de violência.

Medo foi principal sentimento das mães

De acordo com o estudo, o medo foi o sentimento que mais dominou as mães, mencionado em 50% das publicações analisadas.

"Ele é causado, ao mesmo tempo, pelo excesso de informação negativa e manipulada (como os detalhes dos massacres ocorridos e as listas de possíveis escolas ameaçadas) e pela escassez de informação esclarecedora e de qualidade, que aponte soluções práticas e tranquilizadoras para os responsáveis", diz o relatório.

Com dúvidas sobre enviar ou não os filhos para a escola, as mães optaram por deixá-los em casa. Muitas chegaram a perder o sono e houve aquelas que não tinham com quem deixar as crianças e, por isso, foram obrigadas a enviá-los para o colégio.

"As mães relatam a incerteza de enviar os filhos para a escola, destacando grande preocupação e ansiedade, inclusive com perda do sono e possíveis consequências psicológicas para si e seus filhos."

Marcus afirma que a melhor forma de não sermos vítimas novamente de boatos infundados e criminosos e que nos trazem pânico é a informação de qualidade. Para ele, as ações do governo federal, de monitorar, prender e enviar verba para rondas escolares foi acertada. A postura foi aprovada por 4 em cada 10 mães.

"As mães precisam se informar fora da rede social. Na mídia tradicional e na comunidade escolar", afirma o pesquisador.

"Quanto às soluções, não há consenso entre as mães de qual o melhor caminho, mas se a gente compara as soluções que as mães buscam em relação às que os pais buscam, elas querem soluções muito mais pacíficas do que os pais. Pais têm tendência à militarização de escolas, pena de morte, redução de maioridade penal. Algumas podem até apoiar esse tipo de agenda, mas as mães têm uma preocupação maior com psicológico, a saúde mental dos filhos e dos professores."

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