Colo de Mãe

Cristiane Gercina é mãe de Luiza e Laura. Apaixonada pelas filhas e por literatura, é jornalista de economia na Folha

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Descrição de chapéu Família Enem Fies

Levei minhas filhas à escola, mesmo sob ameaça de ataques

Vencemos o medo e as fake news e seguimos a rotina neste 12 de abril; o que nos espera no dia 20?

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São Paulo

Mensagens que circulam nas redes sociais apontando a possibilidade de ataque em massas às escolas brasileiras em abril têm deixado os pais em pânico. Desde segunda-feira (10) não se fala em outra coisa nos grupos de WhatsApp das escolas.

Além das postagens de incitação à violência e ódio em redes sociais, áudios e informações falsas circulam por aplicativos de mensagens, elevando a insegurança das famílias e deixando crianças e adolescentes com medo.

A professora Elisabeth Tenreiro foi vítima do ataque à escola em São Paulo
A professora Elisabeth Tenreiro foi vítima do ataque à escola em São Paulo - Agência Brasil

As notícias do mundo real também são assustadoras: morte de uma professora da rede estadual de ensino por um aluno em escola de São Paulo e ataque a crianças em creche de Santa Catarina são as mais relevantes, mas houve outros casos pelo país.

Diante dos casos reais e das fake news, escolas tomaram várias atitudes: cancelamento de aulas, acionamento de polícias e guardas municipais após suspeitas de possibilidade de ataques, adiamento de provas, entre outras.

Nos grupos de WhatsApp da escola onde minhas filhas estudam a pergunta da noite de terça (11) e da madrugada desta quarta (12) era sobre quem iria levar os filhos para a aula. Os pais se dividiram e muito deles deixaram crianças e adolescentes em casa, com medo.

O pavor das famílias não é sem motivo. Já vivenciamos um ataque na escola de nossos filhos em 2022. O agressor —um aluno— não mandou recado em redes sociais, mas planejou o fato. Para além de seu comportamento introvertido dentro da escola, não havia nenhuma pista sobre o que ele faria.

Foi um dia de pânico. Vivemos a dor, a angústia, a comoção e as dificuldades de superar um fato tão triste na pele. Mesmo com essa "memória afetiva" de dor, em casa, optamos por manter a rotina neste 12 de abril.

Confesso que, apesar de estar certa de que deveria enviar as meninas para a escola —após ter conversado muito com minhas duas filhas e acolhido as dúvidas e a insegurança—, tive medo. A angústia só passou quando, ao fim da aula, peguei-as sãs e salvas.

No caminho de volta, rimos, brincamos e tratamos mais uma vez do assunto. Elas me contaram que muitas crianças faltaram à aula. No ensino médio, praticamente metade dos alunos não foi. A decisão de levá-las não foi impensada, mas entendo quem não levou.

Em casa, nos baseamos em fatos reais, informações, reportagens, análises e na confiança de que as autoridades em segurança e educação do estado e do país estão alertas. Vencemos as fake news, mas perdemos para a violência e o medo. As famílias e suas crianças perdem em convívio social.

É um pesadelo, mas vai passar.

Erramos: o texto foi alterado

O ataque a crianças em creche foi em Santa Catarina e não Rio Grande do Sul, como afirmava versão anterior deste texto

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