Edgard Alves

Jornalista, participou da cobertura de sete Olimpíadas e quatro Pan-Americanos.

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Descrição de chapéu Tóquio 2020

Sobre pranchas, Brasil sonha com medalhas nos Jogos de Tóquio

Surfe e skate fazem estreia olímpica em julho do próximo ano, no Japão

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O surfe e o skate estreiam na Olimpíada de Tóquio, adiada deste ano para julho do ano que vem por causa da pandemia do novo coronavírus.

O COI (Comitê Olímpico Internacional) percebeu a importância dessas modalidades pelo interesse despertado nas populações em geral e em mídias especializadas, a TV principalmente, além de mercado expressivo. Não perdeu tempo, logo tratou de incluí-las no programa olímpico.

Esportistas do Brasil comemoraram a decisão da entidade, responsável pelos Jogos, pois não faltam craques no surfe e no skate por aqui, tanto no masculino como no feminino. Assim sendo, as duas especialidades aumentam potencialmente as oportunidades para o esporte brasileiro conquistar medalhas nos Jogos Olímpicos.

O surfe é uma modalidade tradicional, executada na água, aproveitando o impulso de ondas; o skate é esporte de pista seca. Coincidentemente, são esportes radicais, com manobras mirabolantes, realizadas com pranchas, nas quais os praticantes ficam em pé. A do surfe é uma prancha grande, robusta, enquanto a do skate é pequena, um shape com quatro rodinhas que o próprio praticante movimenta.

De certa forma, já foi abordado neste espaço o sonho da oportunidade possível de uma “chuva de medalhas” nesses dois esportes. Vamos retomar a narrativa pelo skate. O conceito de esporte meramente recreativo não cabe mais para a definição dessa modalidade, como muita gente ainda pode imaginar, especialmente ao observar um praticante carregando sua "prancha" e circulando pela cidade a pé, de ônibus ou de metrô na busca de uma pista.

Essa era a imagem básica tempos atrás, mas vem mudando a cada dia, assumindo padrão profissional. Apesar de o skate, que chegou a ser chamado de “surfe do asfalto”, ter se transformado num dos esportes urbanos mais competitivos do planeta, com cara de juventude e, óbvio, reduto de grande número de jovens, atletas mais experientes também continuam a praticá-lo com entusiasmo.

Nos dois gêneros, o país conta com representantes de ponta figurando entre os “top 20” dos rankings mundiais. Mesmo com as vagas dos torneios de Tóquio ainda em aberto –a disputa vai até 29 de junho do ano que vem–, é praticamente certo que o Brasil contará com uma representação forte e possibilidades de ir ao pódio nas quatro classes do skate.

A experiência olímpica acontecerá em duas categorias, a Street, que tem seu espaço de manobras simulando paisagem urbana, bancos, escadas e calçamentos, e a Park, com rampas, paredes e bowls (pista com formato de piscina). Nos torneios olímpicos participarão 20 atletas de cada gênero nas disputas de street e park, totalizando 80. Os países poderão contar com até três representantes por classe.

O Brasil tem potencial para garantir 12 atletas nos Jogos. Por isso, a CBSk (Confederação Brasileira de Skate), com apoio do COB (Comitê Olímpico do Brasil), trabalha na preparação de 22 atletas para as disputas classificatórias, apuradas por um ranking de pontos oferecidos em torneios internacionais, sendo que três das vagas em cada classe serão apontadas pelos pódios dos Mundiais das categorias.

Estes são os convocados: Park feminino – Dora Varella, Isadora Pacheco, Yndiara Asp, Victoria Bassi e Leticia Gonçalves; Street feminino – Pamela Rosa, Rayssa Leal, Leticia Bufoni, Gabriela Mazetto, Virginia Fortes Águas e Isabelly Ávila; Park masculino – Luizinho Francisco, Pedro Barros, Pedro Quintas, Mateus Hiroshi, Murilo Peres e Héricles Fagundes; Street masculino – Kelvin Hoefler, Giovanni Vianna, Carlos Ribeiro, Felipe Gustavo e Lucas Rabelo.

No surfe, a delegação olímpica brasileira está resolvida. Garantiram vagas no masculino os surfistas Italo Ferreira e Gabriel Medina; no feminino, as classificadas são Tatiana Weston-Webb e Silvana Lima. Os quatro contam com nível técnico, físico e psicológico para alimentarem esperanças de pódio no Japão. A competição está programada para Tsurigasake, em Chiba, distante 60 km de Tóquio, uma praia de ondas pequenas.

O retrospecto da modalidade nas últimas temporadas não deixa dúvidas sobre o potencial da representação brasileira, que tem se destacado nos eventos internacionais. Basta lembrar os títulos mundiais de Italo Ferreira, atual campeão, e Gabriel Medina, bi anteriormente.

Sem a sombra de Kelly Slater, 11 vezes campeão do mundo –a última delas em 2011–, que fracassou nas seletivas, os brasileiros apontam como forte concorrente o norte-americano Kolohe Andino, um especialista em ondas pequenas.

A maranhense Silvana Lima, oito vezes campeã nacional, chegou ao título de vice no Mundial de surfe em duas oportunidades, enquanto a outra vaga ficou com a gaúcha Tatiana Weston-Webb, que tem dupla nacionalidade (brasileira e havaiana-americana). É filha do inglês Douglas, um surfista criado na Flórida, e da bodyboarder brasileira Tanira Guimarães. Nasceu em Porto Alegre e com apenas dois meses mudou-se com a família para o Havaí. Começou no surfe aos 8 anos, incentivada pelo irmão Troy.

Depois de o país ter conquistado 19 medalhas (7 de ouro, 6 de prata e 6 de bronze) na Rio-2016, a expectativa de uma campanha de sucesso mais amplo em Tóquio passará pelo desempenho do surfe e do skate, as novas atrações para motivar o torcedor olímpico.

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