Descrição de chapéu Tóquio 2020

Skatistas brasileiras dominam corrida olímpica para Tóquio

Brasil é país com mais mulheres do Street entre as melhores colocadas no ranking

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São Paulo

Com cinco brasileiras entre as dez primeiras colocadas no ranking olímpico, o país domina a elite da categoria Street do skate feminino. O esporte estreará nos Jogos Olímpicos em Tóquio-2020.

Serão 20 competidoras de cada categoria do skate —Street e Park. Porém, cada país poderá ter apenas três atletas.

O limite fará com que brasileiras fiquem fora dos Jogos mesmo tendo conquistado mais pontos no ranking do que estrangeiras. A hegemonia do Brasil acirra a disputa entre as atletas.

A skatista brasileira Pâmela Rosa, líder do ranking olímpico e atual campeã mundial de Street
A skatista brasileira Pâmela Rosa, líder do ranking olímpico e atual campeã mundial de Street - Ricardo Borges - 15.nov.2019/Folhapress

Neste domingo (17), elas competem no último dia do STU Open do Rio de Janeiro, torneio que abre a segunda e última janela de provas valendo ponto para a Olimpíada —as próximas etapas ainda estão indefinidas. A corrida olímpica acaba em 31 de maio.

Pâmela Rosa, 20, campeã mundial na categoria Street em 2019, diz que a concorrência não influencia o ambiente dentro da pista, que, segundo ela, é bom entre as brasileiras. Ela está na final do STU do Rio.

“A gente sempre competiu juntas. Cada uma quer a sua vaga e dá o seu melhor para isso”, afirma Pâmela.
Além dela, líder do ranking olímpico, Rayssa Leal, 2ª colocada, Leticia Bufoni, 4ª, Gabriela Mazetto, 8ª, e Virgínia Fortes Águas, 10ª, são as outras brasileiras no top 10.

Na categoria Park, apesar de ter cinco atletas entre as 20 mais bem colocadas, o domínio brasileiro é menor.

Dora Varella é a melhor, em 7º, seguida de Isadora Rodrigues Pacheco. Depois, Yndiara Asp aparece na 13ª posição, Victoria Bassi na 19ª e, logo em seguida, Leticia Golçalves.

Dora, 18, também vê entre elas uma competição saudável. “Somos todas amigas, ficamos juntas no hotel, queremos viajar juntas, vamos na cidade das outras”, conta.

O protagonismo das brasileiras no ranking pode ser explicado pelo crescimento recente da categoria no país.

O Campeonato Brasileiro feminino amador, por exemplo, surgiu em 2016 com 75 inscritas e apenas a modalidade Street. Na segunda edição, foram mais de 100 meninas.

Hoje o torneio tem as divisões infantil, amador, iniciante, master e grand master.

“Agora as mulheres vão ver que têm um rumo para seguir, vão se puxar, o nível está subindo muito rápido. Nessa primeira Olimpíada ainda não vai estar igual, mas talvez na próxima. Já está absurdamente melhor do que um ano atrás”, analisa Dora.

Para a presidente da Associação Feminina de Skate, Renata Paschini, o investimento ainda está aquém do desejado.

Ela ressalta que contribuiu para a popularização do esporte entre as mulheres a veiculação de conteúdo sobre o tema nas redes sociais.

“Também não posso deixar de pontuar a questão do empoderamento feminino. O skate é um esporte de ação e promove uma sensação de força, coragem e vitória que cresce dentro das mulheres”, diz.

As atletas entendem que o crescimento do skate entre as mulheres acompanha a crescente da pauta feminista no mundo e no esporte em geral.

As brasileiras Dora Varella (esq) e Yndiara Asp (dur), skatistas da categoria Park, que brigam por uma vaga na Olimpíada de 2020
As brasileiras Dora Varella (esq) e Yndiara Asp (dur), skatistas da categoria Park, que brigam por uma vaga na Olimpíada de 2020 - Pablo Vaz - 15.nov.2019/Divulgação

As meninas mais novas vêm sem esse pensamento [de que as mulheres são inferiores], acreditam que tudo é possível ao ver a Rayssa Leal mandando manobra igual 'homem gente grande'”, completa Yndiara Asp, de 21 anos.

Rayssa, de 11, foi vice-campeã mundial em 2019. “A gente do skate feminino vem mudando muito as coisas, fazemos de tudo para que o esporte seja igual para todos”, diz Pâmela, a campeã.

“[A pauta feminista] se juntou com uma boa visibilidade do skate, que está em alta. E daí o skate feminino está vindo [crescendo] daquele jeito”, diz com animação Yndiara.

O skate, por exemplo, tem participação ativa no debate sobre a legalização da maconha, com figuras importantes como Bob Burnquist como defensores da ideia.

Agora, o skate dá indícios de que pode entrar também no debate acerca da feminina e dos direitos iguais entre homens e mulheres​.

Para elas, o skate carrega dentro de si um espírito respeitoso. À luz do holofote olímpico, ele pode desmistificar a ideia de que o esporte é algo marginalizado e masculino, incentivando garotas a pedir um shape [prancha usada no skate] aos pais e sair na rua para ralar os joelhos nas primeiras quedas, até que saiam as primeiras manobras.

“Tem muita gente que entra na parte de falar, mas eu acredito que cada um faça do seu jeito, essa é minha maneira de lutar pelo feminismo, andando de skate o melhor que eu posso”, finaliza Yndiara.

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