Eduardo Sodré

Jornalista especializado no setor automotivo.

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Fábrica argentina da Ford usa inteligência artificial até para apertar parafuso

Unidade que fará nova picape Ranger ganha protagonismo após encerramento da produção no Brasil

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O teto de um dos galpões da fábrica da Ford em Pacheco, Argentina, foi elevado em dois metros. A mudança se fez necessária devido às dimensões de uma nova prensa, que faz as peças da carroceria da linha 2024 da picape Ranger. O modelo será apresentado no Brasil ainda neste semestre.

Foram investidos US$ 660 milhões (R$ 3,3 bilhões) no país vizinho. Até os robôs que apertam os parafusos utilizam inteligência artificial para detectar se o torque aplicado está correto. Em caso de problema, a tecnologia indica qual componente deve ser revisto.

Painel da nova Ford Ranger
Nova picape Ford Ranger na versão Platinum, disponível na Europa e na Austrália - Divulgação

A linha de montagem dobrou de tamanho, o que permitiu um aumento de 70% na capacidade de produção.

Agora é possível produzir 110 mil unidades por ano, e a maior fatia deve vir para o Brasil. Foi o que ocorreu em 2022, quando foram fabricadas 50 mil picapes Ranger em Pacheco. Dessas, 14,3 mil desembarcaram aqui.

A unidade argentina e seus 318 robôs inteligentes materializam o conceito de fábrica 4.0, algo que não deu tempo de ser implementado pela marca americana nas plantas brasileiras. A montagem local foi encerrada no início de 2021.

"A decisão de deixar de produzir no Brasil está alinhada à visão global da Ford, focada em SUVs, picapes e veículos comerciais, não participando mais dos segmentos de entrada", diz Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford na América do Sul.

Nova prensa utilizada na confecção de peças da carroceria da nova picape Ford Ranger. Equipamento está instalado na fábrica da marca em Pacheco, Argentina
Nova prensa utilizada na confecção de peças da carroceria da nova picape Ford Ranger. Equipamento está instalado na fábrica da marca em Pacheco, Argentina - Eduardo Sodré/Folhapress

Se a Argentina tem o produto certo para a fase atual da empresa, isso se deve a uma escolha feita há quase 30 anos. Para ajustar a balança comercial dentro do Mercosul, a indústria automotiva teve que se adaptar de acordo com as capacidades dos mercados.

"Foram criadas estruturas industriais para equilibrar a produção entre os dois países", afirma Golfarb, que foi presidente da Anfavea (associação das montadoras) entre 2004 e 2007.

"O Brasil, pelo tamanho da sua indústria e do seu mercado, ficou com os produtos de maior volume, e a Argentina ficou com os de menor volume e maior valor agregado. Isso explica a concentração da produção de picapes naquele país."

A experiência em produzir esses utilitários facilitou o aprendizado dos trabalhadores argentinos, que passaram por muitas horas de treinamento para lidar com novas ferramentas tecnológicas. Antes operadores, agora são praticamente programadores.

As novas alas são mais iluminadas que as antigas, em que equipamentos que remontam aos anos 1970 permanecem ativos. Mesmo quando a produção da nova Ranger ocupar as linhas de montagem, o maquinário "velho" seguirá fazendo peças de reposição por algum tempo.

A Ford não revelou planos para além de 2023, mas espera-se que outros modelos sejam montados em Pacheco. Um deles é o SUV Everest, que usa a mesma base da picape. Há ainda a possibilidade de fabricar carros elétricos, algo viável após a modernização da unidade.

Painel da nova Ford Ranger
Linha de produção da Ford em Pacheco, Argentina - Divulgação

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