Com 8 paradas de produção, montadoras avaliam que primeiro trimestre foi ruim

Anfavea diz que falta de peças e queda da demanda prejudicaram setor automotivo

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São Paulo

O primeiro trimestre terminou com alta de 8% na produção de veículos leves e pesados. Apesar do crescimento em relação ao mesmo período de 2022, a Anfavea (associação das montadoras), não gostou do resultado.

"Nesses três primeiros meses tivemos oito paralisações de fábrica e dois cancelamentos de turno, algo semelhante às paradas verificadas no início de 2022", disse, em nota, o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite.

"A diferença é que no ano passado o motivo era somente a falta de componentes, enquanto agora já há outros fatores provocando férias coletivas, como o resfriamento da demanda."

Carros no pátio de unidade da Localiza em São Paulo (SP) - Keiny Andrade - 24.mar.2023/Folhapress

De acordo com os dados da Anfavea, foram fabricadas 536 mil unidades entre janeiro e março, número que inclui carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões.

O presidente da associação afirmou ainda que, no setor de vendas, o mês de março foi um pouco melhor devido às compras realizadas por locadoras. Esse segmento foi responsável por 28% dos emplacamentos.

Foram emplacadas 471,6 mil unidades no primeiro trimestre –com destaque para o último mês, que terminou com 198,9 mil licenciamentos.

"Essas empresas ainda têm uma considerável demanda reprimida, mas isso não vai sustentar nossos volumes por tanto tempo caso não haja uma reação mais forte no varejo, o que depende de melhorias nas condições de financiamento, entre outras medidas para reaquecer o mercado", afirmou Leite no comunicado divulgado nesta segunda (10).

Os estoques subiram entre fevereiro e março, passando de 189,2 mil unidades para 203,9 mil. No ritmo atual do mercado, há carros suficientes para atender a 31 dias de vendas.

"O cenário até agora é de observação sobre o que está acontecendo no mercado. O que acende uma luz levemente amarela é que chegamos ao fim do mês com 30 mil unidades a menos do que havíamos projetado [para as vendas no primeiro trimestre]", disse Leite.

Além dos pedidos por melhorias na oferta de crédito, a Anfavea negocia o retorno dos carros populares. A entidade chegou a avançar nessas negociações, mas optou por deixar que cada associada escolha o caminho a seguir.

Isso ocorre devido às diferenças entre as marcas: nem todas estão interessadas no tema.

Esse carro de entrada de baixo custo impacta algumas montadoras, que se reúnem diretamente com o governo", disse Leite.

A proposta é oferecer um produto com maior apelo ambiental e, dessa forma, costurar uma categoria de tributação exclusiva, adequada ao novo arcabouço fiscal.

Uma das possibilidades é substituir a nomenclatura "carro popular" por "carro verde", priorizando o uso do etanol.

"A Anfavea trabalha com uma diversidade tecnológica de baixo carbono. O etanol é importantíssimo, é verde e de baixo custo", disse o presidente da associação.

Uso do FGTS para compra de carro está em discussão

Márcio de Lima Leite mencionou o exemplo chileno para falar sobre o uso do FGTS na compra de carro.

"O Chile liberou o fundo de previdência como parte de pagamento para a compra de veículos zero-quilômetro. Se houvesse a possibilidade de parte do FGTS ser utilizado para a compra de carro novo, para a renovação da frota, haveria um efeito muito importante", disse o presidente da Anfavea.

Leite citou como exemplo a liberação de 25% do fundo para esse fim no Brasil, mas disse que não há definição sobre o tema.

A mudança deve fazer parte da discussão sobre regras do saque-aniversário, que está na pauta do Ministério do Trabalho.

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