Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Até que ponto BlackRock não confia mais em Bolsonaro ou desconfia de Lula?

Flutuações do humor dos investidores internacionais serão relevantes na campanha

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As flutuações do humor dos investidores internacionais serão um fator relevante na campanha eleitoral deste ano. Até que ponto o BlackRock não confia mais em Bolsonaro? Até que ponto desconfia de Lula?

Só eles sabem, mas neste ano do bicentenário da Independência do Brasil, não custa lembrar que se comemora também o nascimento de Poyais. Era uma nação paradisíaca localizada na América Central, onde está hoje a república de Honduras. Bolsonaro não se fez representar na posse de sua presidente.

Em 1821 um escocês chamado Gregor MacGregor lançou na praça de Londres papéis desse país. Em dinheiro de hoje, com sucessivos lançamentos, recolheu o equivalente a US$ 5 bilhões. Entre setembro de 1822 e janeiro de 1823 ele embarcou cerca de 250 imigrantes que receberiam lotes de terra ou trabalhariam numa cidade que tinha até teatro de ópera. Um deles seria o sapateiro da princesa local.

Fundo de investimentos BlackRock - Brendan McDermid/Reuters

Os novos habitantes de Poyais encantaram-se com a paisagem quando viram a costa. Ao desembarcar, em setembro, verificaram que Poyais não existia. Era tudo mato e muitos mosquitos. O sapateiro da princesa matou-se.

Alguns colonos regressaram a Londres e contaram o que lhes aconteceu. Mesmo assim, MacGregor fez um novo lançamento de papéis e teve compradores.

O malandraço cometeu a imprudência de lançar papéis em Paris e acabou na cadeia. Julgado, foi absolvido e voltou a operar sem sucesso. Em 1838 estava na penúria e morreu sete anos depois.

O BlackRock se fechou

O gestor do fundo de investimentos BlackRock para a América Latina avisou que não botará dinheiro no Brasil enquanto Bolsonaro estiver no Planalto. Com uma carteira de US$ 9,5 trilhões, é o maior do mundo, opera em cem países com o olho em negócios de longo prazo.

O doutor Paulo Guedes talvez saiba que a coisa é pior. Em outubro passado o BlackRock cogitava sair do Brasil, com uma terrível sinalização para o tal de mercado.

Quem quiser achar que isso é uma gripezinha, que ache.

Amil à venda

Dez anos depois de ter entrado no setor de saúde brasileiro comprando a Amil, a gigante americana Unitedhealth pagou R$ 3 bilhões para se desfazer de sua carteira de clientes individuais e está negociando o restante da sua operação em Pindorama.

Ela tem 5,7 milhões de clientes e 19,5 mil colaboradores. E ainda tem gente achando que empresas estrangeiras fazem fila para operar no Brasil.

Delfim e Paulo Guedes, 3 anos depois

Em 1969 o professor Delfim Netto era um desconhecido na elite do Rio e assumiu o Ministério da Fazenda. Aos 39 anos, gordo e com o sotaque dos italianos do Cambuci, fantasiava-se de viúvo com ternos pretos e camisas brancas.

Dormia pouco e operava o dia inteiro. Nunca incorporou uma única repartição, mas colocava gente sua onde podia. Três anos depois, tornou-se o ministro da Fazenda mais poderoso da República.

Há três anos, Paulo Guedes aceitou a ridícula nobiliarquia de "Posto Ipiranga" e assumiu anexando quatro ministérios. Três anos depois, deu no que deu.​

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