Encaminhado com Frequência

Editada por Felipe Bailez e Luis Fakhouri, fundadores da Palver, coluna traz perspectivas sobre os dados extraídos de redes sociais fechadas

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Descrição de chapéu ataque à democracia

Bolsonaro mantém base nas redes após novas revelações sobre trama golpista

Nos grupos públicos de WhatsApp e Telegram analisados pela Palver, apoiadores do ex-presidente acreditam que as ações de Bolsonaro são justificadas e constitucionais

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Após a divulgação do depoimento do ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, que deu detalhes sobre como teria sido o encontro para discutir a chamada minuta do golpe, as redes sociais se dividiram entre os que apontam uma tentativa de golpe de Estado por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aqueles que minimizam as revelações de Freire Gomes.

Nos mais de 60 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram analisados pela Palver, é possível verificar que a maior parte dos apoiadores de Bolsonaro não acreditam que a existência da minuta e o envolvimento direto de Bolsonaro configurem tentativa de golpe de Estado.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, de pé, ao deixar sua casa no dia de seu depoimento à PF sobre a tentativa de golpe de Estado
O ex-presidente Jair Bolsonaro ao deixar sua casa no dia de seu depoimento à PF sobre a tentativa de golpe de Estado - Gabriela Biló - 22.fev.24 /Folhapress

A argumentação se concentra no fato de que o estado de sítio é previsto pela Constituição Federal e que, portanto, Bolsonaro não estaria visando uma ruptura.

Algumas das mensagens compartilhadas pelos apoiadores do ex-presidente criticam as investigações da Polícia Federal, dizendo que a minuta encontrada não é prova de tentativa de golpe. Uma das mensagens diz que "ele não decretou a minuta, no máximo planejou".

Outros usuários ironizam, apontando que tal medida prevista pela minuta precisaria de uma aprovação do Congresso Nacional ou ainda questionando "golpe usando a constituição?".

O discurso utilizado pelos apoiadores de Bolsonaro está em linha com as falas do ex-presidente no ato promovido na avenida Paulista, no qual fez menções à minuta e argumentou "golpe usando a Constituição? Tenha Paciência", afirmando ainda que não houve armas nem tanque na rua.

Isso demonstra a elevada capacidade de Bolsonaro de comunicar com sua base.

Parte dos apoiadores do ex-presidente não se limitou em minimizar as declarações de Freire Gomes e optou por atacar o processo eleitoral, alegando que quem deu o golpe foi o STF e que "Lula não foi eleito pelo povo" mas que foi "escolhido pelo serviço eleitoral".

Essas mensagens são acompanhadas de ataques às urnas eletrônicas e ao "sistema".

Prevalece, portanto, o discurso de que todas as investidas de Bolsonaro seriam uma reação às injustiças cometidas nas eleições, e, por isso, justificadas.

Pelas mesmas razões, consideram o general Freire Gomes um "traidor da pátria", pois teria "entregado o Brasil aos comunistas".

Nos grupos não focados em política, a maior parte das mensagens traz o compartilhamento de links de notícia sobre o depoimento do general Freire Gomes bem como os desdobramentos e repercussões, mas não há um debate em torno do tema e, por isso, predomina o sentimento de neutralidade.

Entre os usuários de esquerda ou de oposição ao ex-presidente, há um esforço de apontar as razões pelas quais a simples existência da minuta já configura "crime grave", visto que estaria planejando um golpe de Estado. No geral, são mensagens mais longas e explicativas.

Muitas mensagens e vídeos que circulam nos grupos afirmam que Bolsonaro sabia da existência da minuta e que foi colocado na "cena do crime" após os depoimentos. Essas mensagens são acompanhadas no geral por frases como "Bolsonaro na cadeia", "Bolsonaro preso" e "anistia não".

Um dos usuários diz que "a tentativa de golpe está clara" e finaliza pedindo "cadeia para Bozo e seus bandidos".

O ex-comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier, é um dos principais nomes associados ao de Bolsonaro, sendo muito atacado nas mensagens. Os usuários o acusam de "golpista safado", "traidor da pátria" e "traidor da Constituição".

Mesmo entre os apoiadores de Bolsonaro, não há quem defenda Garnier, que é apenas citado no contexto.

Com relação ao papel do general Freire Gomes e do brigadeiro Baptista Junior, os usuários se dividem. Há mensagens que os exaltam e defendem que "salvaram o Brasil" e que são "homens de bem e legalistas".

Por outro lado, há aqueles que os acusam de "posar de heróis da democracia" e de que teriam prevaricado ao não terem denunciado Bolsonaro.

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