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Editada por Felipe Bailez e Luis Fakhouri, fundadores da Palver, coluna traz perspectivas sobre os dados extraídos de redes sociais fechadas

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Forças Armadas se tornam alvo de teorias conspiratórias nas redes sociais

Como a polarização tem afetado a credibilidade das instituições nos grupos de WhatsApp e Telegram analisados pela Palver

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No pleito eleitoral, candidatos e candidatas de todo o país tentam convencer a população de que são os melhores representantes ao cargo em disputa. Utilizar-se dos títulos que possuem e mencionar as instituições às quais pertencem facilita o processo, uma vez que há um conjunto de valores implícitos que podem ressoar no eleitorado.

Quando as candidaturas fazem uso da credibilidade das instituições no campo político, criam uma situação perigosa, pois qualquer erro cometido pelo indivíduo pode afetar a imagem da instituição à qual pertence ou da qual faz uso. Isso se agrava ainda mais quando o cenário é de polarização, uma vez que a captura da imagem de uma instituição por um dos polos criará uma resistência no lado oposto.

Um grupo de pessoas com uma grande faixa, com os dizeres: ''Queremos o presidente Bolsonaro no Poder. Intervenção militar no Judiciário, no Legislativo e nova constituição. Crimininalização do comunismo no Brasil.'' Um dos manifestantes ergue uma bandeira do Brasil e ao ufundo há prédios e outras faixas
Apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro pedem intervenção militar em acampamento em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília - Pedro Ladeira - 27.dez.22/Folhapress

Em setembro de 2023, uma pesquisa realizada pelo Datafolha apontou queda de confiança nas Forças Armadas, apesar de liderar quando comparada a outras dez instituições listadas pelo instituto —é o menor índice desde quando a série histórica foi iniciada em 2017.

Nos mais de 50 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram analisados pela Palver é possível ver como a utilização das instituições no campo político cria fissuras na credibilidade e desperta sentimentos estranhos ao propósito da organização.

Nos grupos de esquerda, as Forças Armadas são chamadas de golpistas e recebem muitas críticas relacionadas à impunidade entre seus membros.

Uma das mensagens compartilhadas, cujo título é "Falar sobre 64 não é remoer o passado, é discutir o futuro", traz uma longa discussão sobre "adequação da caserna à democracia e de subordinação dos militares ao poder civil". Ainda falando sobre as Forças Armadas, uma das mensagens traz a seguinte frase: "chega de passar pano para essa gente".

A ironia é um dos principais artifícios usados pelos usuários nos grupos de esquerda. As discussões sobre anistia, por exemplo, evocam uma série de argumentos contrários à proposta, parte em tom escrachado, parte pedindo por justiça. As mensagens mais longas fazem uma reflexão sobre o pagamento de pensões às filhas de militares, além de outros privilégios.

Já nos grupos de direita, uma das mensagens enviadas traz um texto atacando as instituições do STF (Supremo Tribunal Federal) e TSE (Tribunal Superior Eleitoral), parte da mídia e as Forças Armadas.

O vídeo que acompanha a mensagem traz trechos do filme "Vida de Inseto", fazendo uma analogia entre os gafanhotos e formigas com os detentores de poder e o povo brasileiro.

Muitas outras mensagens fazem uso dessa analogia em diferentes contextos, algumas especificando que 220 milhões de brasileiros estão com medo de 11 gafanhotos, mesmo número de ministros do STF.

Desde a manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 25 de fevereiro, mensagens com teor golpista voltaram a circular nos grupos. Em uma delas, que foi amplamente divulgada, o título utilizado foi "Decreto", seguido por um "Atenção Patriotas".

Na mensagem, há toda uma narrativa de quais seriam os próximos passos da chamada "intervenção", que culminaria na diplomação de Bolsonaro como presidente da República, proibição de partidos comunistas e de esquerda radical, entre outras medidas.

Nas mensagens enviadas são citadas instituições como Forças Armadas, Polícia Federal e Superior Tribunal Militar. No longo texto, há uma explicação de como os comandantes de tropas estariam informados sobre o plano e que, no momento certo, desobedeceriam aos generais ligados ao PT, que seriam prontamente substituídos por outros ligados aos generais Villas Bôas e Heleno.

Os usuários fazem menção às Forças Armadas ora com esperança de que ainda participem de uma ação para reverter o resultado das eleições, ora com desprezo, recebendo a alcunha de "traidores da pátria" ou de "covardes".

Outros vídeos, também com circulação ao longo da semana passada, acusam as Forças Armadas de terem armado o 8 de janeiro e dizem que teriam depredado os prédios antes da chegada dos "patriotas".

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