Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Como o mundo funciona

Não há risco de o oxigênio da Terra acabar, mas água e comida são uma preocupação em relação à distribuição

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"How the World Really Works", de Vaclav Smil, pode ser descrito como um destruidor de mitos. Valendo-se da boa e velha aritmética e de valiosos esclarecimentos sobre como suprimos nossas necessidades básicas, o autor traça um panorama realista dos desafios que temos pela frente.

Mudança climática, poluição e superexploração de recursos naturais são problemas graves, que cobram ações de todos nós, mas é precipitado afirmar que o fim do planeta ou da civilização esteja próximo. Não há risco, por exemplo, de o oxigênio da Terra acabar, como já sugeriu um presidente. Já água e comida são uma preocupação, mas não em relação à produção e sim à distribuição. Temos esses dois recursos em quantidades suficientes, mas os gerenciamos muito mal. Um terço dos alimentos produzidos estraga sem ser consumido.

A ilustração de Annette Schwartsman, publicada na Folha de São Paulo no dia 12 de junho de 2022, mostra um par de mãos semifechadas, uma diante da outra, que formam, com os dedos, um coração; no meio deste coração, em segundo plano, se vê o planeta Terra.
Ilustração de Annette Schwartsman para a coluna de Hélio Schwartsman, publicada na Folha neste domingo (12 de junho) - Annette Schwartsman

O aquecimento global é uma realidade e vai ser difícil limitá-lo aos 2°C. O problema é que somos uma civilização de combustíveis fósseis e livrar-nos deles é uma tarefa de séculos, não de anos nem de décadas. Nós provavelmente avançaremos de forma rápida para tecnologias sustentáveis na produção de eletricidade e transportes, mas isso é só parte da conta.

Os fertilizantes, indispensáveis para alimentar os 8 bilhões de humanos que habitam o planeta, e aço, cimento e plásticos, que dão a base material para nossa civilização, encapsulam enormes quantidades de carbono. E, se quisermos ser minimamente justos, isto é, estender aos bilhões de terrestres que ainda vivem na pobreza níveis de conforto semelhantes aos experimentados pelos habitantes de países ricos, então precisaremos produzir muito mais. Ao contrário da eletricidade, não há à vista nenhuma tecnologia sustentável para substituí-los.

E, como lembra Smil, contrapondo-se aos defensores de soluções mirabolantes, é da Terra que precisamos cuidar; nenhuma das pessoas que está lendo estas linhas vai se mudar para Marte.

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