Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Descrição de chapéu vale do javari

Dá para responsabilizar Bolsonaro por tragédia no Vale do Javari?

O presidente é ruim na parte do governo e deplorável no papel de bússola moral

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São Paulo

Ao que tudo indica, Bruno Pereira e Dom Phillips foram mesmo assassinados. Suas mortes são mais uma mácula que o Brasil coletivamente terá de carregar, ao lado das de Chico Mendes, Dorothy Stang e tantos outros. Mas será que dá para apontar o dedo para Jair Bolsonaro e responsabilizá-lo por essa tragédia?

No plano das causas proximais, que são as que importam para o direito, o presidente é obviamente inocente. Até onde sabemos, Bolsonaro não mandou matar a dupla nem tem vínculos diretos com pessoas ou grupos que possam estar envolvidos no crime. Um dos problemas da região é a virtual ausência de Estado, o que torna difícil para o poder público prevenir homicídios. Mendes foi morto sob a gestão de José Sarney; Stang, quando Lula estava no comando.

Presidente Jair Bolsonaro (PL) em encontro com apoiadores em Orlando, nos Estados Unidos, após participar da Cúpula das Américas, em Los Angeles
Presidente Jair Bolsonaro (PL) em encontro com apoiadores em Orlando, nos Estados Unidos, após participar da Cúpula das Américas, em Los Angeles - Gregg Newton - 11.jun.22/AFP

Bolsonaro, porém, sai mais abalroado do episódio do que seus antecessores. Para início de conversa, ele patrocinou uma política para a Amazônia que deu força a garimpeiros ilegais, madeireiros, grileiros e outros grupos que impõem seus interesses na marra, sem levar em conta direitos de terceiros. O assassinato é um caso extremo dessa lógica.

Mas Bolsonaro também perde por não ter a menor noção de como comportar-se à frente do principal cargo político do país. Presidentes têm dupla função. Precisam ser capazes de montar um governo que funcione e também de liderar o povo, dando exemplos e se posicionando do lado moralmente correto diante das grandes questões. Isso significa que o presidente, por mais que flerte com o populismo, tem de seguir certos roteiros pré-estabelecidos. Numa pandemia, ele deve ser o primeiro a vacinar-se. Se ocorre um desastre natural, ele deve visitar a área afetada e mostrar sua solidariedade. Se um cidadão se vê envolvido num evento com potencial de tragédia, o presidente não pode em nenhum momento tentar culpar a vítima.

Bolsonaro é ruim na parte do governo e deplorável no papel de bússola moral.

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