Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman
Descrição de chapéu desigualdade educacional

Indiferença escolar

Escola no Brasil é tão ruim que fechamento na pandemia teve pouco impacto no Pisa

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São Paulo

Pelos recém-divulgados dados do Pisa, a prova internacional que avalia a qualidade da educação básica, aplicada a alunos de 15 anos, o Brasil está entre os países que menos sofreram com a pandemia. De um modo geral, o mundo sentiu o fechamento das escolas. No teste de matemática, os países da OCDE perderam em média 15 pontos entre 2018 e 2022. No Brasil, contudo, a queda foi de apenas 5 pontos.

Se você é do tipo que faz questão de ver sempre as coisas pelo ângulo positivo, agarre-se a essa interpretação e interrompa a leitura desta coluna. Se não teme a verdade, pode continuar. Eu receio que exista uma exegese muito mais sombria (e realista) para os dados do Pisa. Nossas escolas para essa faixa etária são tão ruins que frequentá-las ou não faz pouca diferença. O pouco que os alunos sabem é adquirido por osmose ou são resquícios do ensino fundamental 1, fase em que o sistema funciona melhor.

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Sala de aula em escola da rede estadual no Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo - Rivaldo Gomes - 2.ago.2021/Folhapress - Folhapress

A análise do desempenho dos estudantes mais ricos reforça essa hermenêutica. Nessa coorte, que se sai consistentemente melhor do que a dos mais pobres, a queda de desempenho foi de 14 pontos, em linha com a média da OCDE. Ou seja, quando as escolas funcionam, seu fechamento causa prejuízos palpáveis; quando acrescentam pouco para os alunos, mal se nota a diferença.

Não é que o Brasil não tenha avançado nada nas últimas décadas. Praticamente universalizamos o acesso ao ensino fundamental e até colhemos melhorias qualitativas, mas mais concentradas no fundamental 1. Só que estamos tão para trás em relação a outros países que isso ainda é muito pouco.

E não sou muito otimista quanto ao futuro. Acho que houve uma mudança política no país que valorizará mais projetos de curto prazo do que os de longo. Parlamentares, que hoje mandam no Orçamento, pensam no máximo bienalmente. E os governos, que deveriam perseguir metas estratégicas de Estado, têm se limitado a tentar sobreviver.

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