Ilona Szabó de Carvalho

Presidente do Instituto Igarapé, membro do Conselho de Alto Nível sobre Multilateralismo Eficaz, do Secretário-Geral. da ONU, e mestre em estudos internacionais pela Universidade de Uppsala (Suécia)

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Ilona Szabó de Carvalho

Eleições íntegras: um compromisso inegociável

O diálogo respeitoso e a cooperação são os antídotos para o populismo autoritário

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Os ataques à credibilidade do processo eleitoral —inseridos na cartilha de líderes populistas-autoritários ao redor do ​mundo— representam um grave risco às democracias. Donald Trump, Keiko Fujimori, Carlos Mesa e López Obrador são alguns exemplos de líderes políticos que questionam o resultado das eleições em seus países.

No Brasil, a escalada do discurso sobre a possibilidade de fraude no pleito eleitoral, se não for contida, pode levar ao questionamento do resultado das urnas e minar a confiança da população no próprio processo democrático.

A transparência e a segurança do processo eleitoral são absolutamente centrais para as democracias. Portanto, o monitoramento e o aperfeiçoamento dos processos de realização dos pleitos eleitorais devem ser contínuos. Contudo, o questionamento acerca da lisura do processo eleitoral brasileiro vem sendo realizado de forma irresponsável.

TSE apresenta as novas urnas eletrônicas, que devem ser usadas a partir das eleições de 2022
TSE apresenta as novas urnas eletrônicas, que devem ser usadas a partir das eleições de 2022 - Abdias Pinheiro - 13.dez.21/Secom/TSE/Divulgação

Apesar de não terem sido apresentadas quaisquer provas concretas que pudessem amparar as acusações de fraude eleitoral no país, tal discurso tem sido inflado por quem jurou defender a Constituição e disseminado com rapidez, por meio de campanhas de desinformação.

A contestação da integridade do processo eleitoral vem acompanhada de crescentes ameaças às instituições, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Não por acaso, a atuação desses tribunais representa justamente o equilíbrio entre poderes, controlando eventuais abusos no sistema de freios e contrapesos da República. Evidentemente, este controle não interessa a quem desacredita o processo eleitoral para, se necessário, questionar a vitória de um adversário e tentar manter-se ilegalmente no poder.

Neste cenário de ataques e desinformação, destacam-se os esforços das instituições e de seus servidores, que têm atuado para resguardar e defender a segurança do processo eleitoral brasileiro, se colocando à disposição da população para sanar quaisquer dúvidas relacionadas ao sistema de votação. Ampliar o conhecimento público sobre as diferentes etapas do processo eleitoral é fundamental e tem se concretizado a partir da divulgação de informações à sociedade.

A abertura para uma maior participação de cidadãos nos processos de fiscalização e auditoria também merece destaque. Canais de contribuição vêm sendo criados para ampliar o debate e possibilitar a cooperação entre diferentes setores da sociedade com as instituições públicas envolvidas no processo eleitoral. Um exemplo bem-sucedido da parceria entre instituições e sociedade civil é o Observatório da Transparência das Eleições (OTE), uma iniciativa do TSE para fortalecer o compromisso com eleições limpas, livres e pacíficas.

Na última semana, um conjunto de organizações que fazem parte desta iniciativa —dentre elas o Pacto pela Democracia, os Institutos Ethos e Igarapé e a Artigo 19— estiveram em conversas com o ministro Edson Fachin, presidente do TSE, com o ministro Luiz Fux, presidente do STF, e com parlamentares de diferentes partidos. Em pauta, estava o compromisso inegociável com a integridade do processo eleitoral e com a defesa das instituições guardiãs da democracia.

Há consenso de que a tentativa anunciada de minar a legitimidade das eleições precisa ser barrada com urgência. Já passou da hora de se usar as garantias constitucionais à disposição para proteger as instituições, restaurar a confiança da população no processo democrático e interromper a escalada dos avanços autoritários, que ameaçam e apequenam o nosso país.

No momento em que alguns rejeitam as regras do jogo democrático, o fortalecimento e a ampliação da participação e do engajamento cívico, o diálogo respeitoso e a cooperação são os antídotos para o populismo autoritário.

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