Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu

Análises objetivas se contrapõem com a cor do coração de cada analista

Jamais escondi o coração corintiano, mas duvido que Palmeiras perca o título do Paulista

PVC é palmeirense e gosta de contar que a segunda coisa que perguntou à mulher, com quem se casou e tem filhos, foi o nome dela.

Discreto, só revela para quem torce quando lhe perguntam.

Este que vos escreve também jamais escondeu o coração corintiano.

Nem por isso PVC deixa de apanhar dos alviverdes, ao não engolir revisionismos históricos, ou escapo de ser acusado de fazer gênero, porque um corintiano de verdade não denunciaria as mazelas de seu clube.

A vida é dura e "quem sai na chuva é pra se queimar", como disse o inesquecível, e autoritário, presidente alvinegro Vicente Matheus.

Tudo isso para tentar desvendar os mecanismos do cérebro influenciado pelo coração.

PVC avalia que o Palmeiras ainda pode perder o título paulista em casa —e eu duvido muito que o perca.

Ele está 100% certo e não arredo um milímetro de minha opinião.

Porque se o futebol permite tudo, de um lado, a impotência ofensiva do Corinthians, do outro, justificam as análises.

Acrescento que Antero Greco, e ninguém é Greco por acaso, concorda com PVC na coluna dele no jornal O Estado de S. Paulo.

Que estranho mecanismo promove a prudência palmeirense e a certeza corintiana?

O observador neutro argumentará com raciocínio simplório: uma parte não quer cantar vitória antes do tempo e a outra joga a responsabilidade nas costas do adversário.

Ora, jornalistas rodados, por mais que tenham lado, e todos têm, não se deixam levar por tais simplificações.

Quem viu o Corinthians eliminar o outro rival nos pênaltis tem carradas de motivos para sublinhar a dificuldade de fazer gols do time, incapaz de incomodar o goleiro são-paulino Sidão e o palmeirense Jailson.

Quem viu o Corinthians eliminar o outro rival nos pênaltis constatará, contudo que, de fato, o eliminou. Bingo!

Mais: o Santos estava condenado ao perder o jogo de ida e ganhou o da volta com o Pacaembu lotado por torcedores rivais.

E o Maracanã em 1950...

São insondáveis as relações entre o racional e o irracional.

Mesmo num futebol como o praticado hoje pelos times brasileiros, com prevalência da tática sobre a técnica, onde escasseiam os talentos e sobram os esquemas.

Mesmo num momento em que o Palmeiras terá o Alianza Lima na terça-feira (3), o Corinthians no domingo (8) e o Boca Juniors na outra quarta (11), enquanto o concorrente descansa e treina durante a semana.

Só que o time verde tem incomparavelmente mais qualidade e opções.

Atacará o adversário por jogar em casa?

Por que, se o empate lhe basta?

Ou repetirá a estratégia de deixá-lo com a bola para castigá-lo em contra-ataques?

Roger Machado, da escola gaúcha, é suficientemente pragmático para saber que a hora é a de ser campeão e somar pontos na Libertadores.

Fábio Carille, que tira leite de pedra, tem a mística corintiana para acreditar.

PVC e Antero que me desculpem, mas para alguma coisa hão de servir as diferenças entre os rivais que resultaram em 38 pontos ganhos em 17 jogos contra 29, além de 30 gols palmeirenses contra 22 corintianos e saldo de 20 gols contra 8.

E me perdoem ainda mais se o Palmeiras perder o título...

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