Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

O Corinthians ganhou outra vez do Palmeiras mais na defesa que no ataque

Partida pareceu até um repeteco da final do Paulistinha do ano passado

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Foi quase um repeteco da final do Paulistinha.

O Corinthians saiu na frente logo de cara com improvável gol de Danilo Avelar e se defendeu. Exagerou no direito de se defender. Até mal nas bolas aéreas, mas segurou a vitória, a sétima de Fábio Carille em oito dérbis.

Porque também o Palmeiras mostrou repertório limitado, insistindo na bola aérea. 

Gustagol, do Corinthians, disputa bola com Lucas Lima, do Palmeiras, durante o Dérbi deste sábado (2)
Gustagol, do Corinthians, disputa bola com Lucas Lima, do Palmeiras, durante o dérbi deste sábado (2) - Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação

Por paus ou por pedras, no fim do segundo tempo o Corinthians criou chances mais claras para ampliar que o rival para empatar.

O que está empatado é o histórico do maior clássico paulista, com 127 vitórias para cada lado, e aumentada a vantagem corintiana no campeonato estadual, com 78 vitórias a 70.

E ficou claro, também, que quem venceu tem de aproveitar a confiança que ganhar o clássico restabelece e tratar de jogar futebol, porque a vitória à moda Carille serviu apenas para a rivalidade.

Como está claro para quem perdeu que Felipe Melo é xerife só para a turma dele e que Deyverson, expulso por cuspir em Richard, é simplesmente um irresponsável. E covarde.

Canto de Ganso

Paulo Henrique Ganso está de volta ao futebol brasileiro.

O Fluminense, sob o comando do inovador Fernando Diniz, treinador em busca permanente da excelência, apóstolo do futebol bem jogado, traz de volta o ex-santista, ex-são-paulino, ex-sevilhano e com última passagem pelo pequeno Amiens francês, pelo qual jogou 14 vezes, não marcou gol algum e se limitou a dar três passes para gols.

Ganso, 29 anos, pé esquerdo capaz de fazer maravilhas, desapontou todos que cansaram de apostar nele. Este que vos escreve incluído.

Verdade que sucessivas lesões nos joelhos prejudicaram bastante a continuidade em alto nível de sua carreira. Mas, além disso, o paraense parece se contentar com dois ou três lances brilhantes por jogo, algo que o futebol não comporta há anos.

A sensação passada por Ganso é a da quem já está muito feliz com a vida ganha, saciado, sem maiores ambições, incapaz de se empenhar pelas glórias do futebol, de correr atrás da bola como de um prato de comida, para lembrar do impagável Neném Prancha.

Pegue as declarações feitas pelo jogador em todas as transações: o Morumbi seria o ar novo que já faltava na Vila Belmiro; Sevilha, a porta de entrada da Europa; Amiens está pertinho de Paris, e do PSG, e o Rio de Janeiro, afinal, é o Rio de Janeiro.

Fato é que a última grande aposta nele foi de ninguém menos que Jorge Sampaoli, responsável pela transferência ao Sevilla. Outro adepto do futebol que satisfaça o torcedor, o argentino desistiu de Ganso, dada a sua inapetência.

Mas pense em Ganso jogando em Moça Bonita, em Bangu, 40 graus à sombra, 50° ao sol. Imagine quando o salário atrasar.

Muricy Ramalho queria vê-lo na área, o estimulava a buscá-la, mas Ganso insistia em ter mais prazer no passe que no gol, direito sagrado desde que prova de entrega ao coletivo e não mera preguiça em se doar mais.

Se no Sevilla, um dos quatro maiores clubes da Espanha, Ganso se deu mal, por que esperar que no Fluminense, em 12º lugar no último Brasileiro, se dará bem?

Se conseguir, Diniz fará o país feliz, rima e solução.

Infelizmente, e tomara que se prove o contrário, a volta de Ganso está mais mesmo para o canto da sereia, tão ilusório como.

Este colunista não acredita em Deus, em Papai Noel, em duendes, unicórnios ou em Ganso.

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