Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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A temporada do Flamengo não poderia terminar melhor

Equipe enfrentará o Liverpool na final do Mundial de Clubes

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Sábado (21), às 14h30, no estádio Khalifa, em Doha.

O Flamengo sem Zico, mas com Bruno Henrique (sem comparações, por favor), se reencontra com o Liverpool, sem Sir Kenneth Dalglish, o escocês aclamado como King Kenny, mas com Mohamed Salah, o egípcio chamado de Faraó, para não falar do senegalês Sadio Mané, ou do brasileiro Roberto Firmino, como não se falou de Arrascaeta ou de Everton Ribeiro.

Note que entre os citados dos Reds não há nenhum inglês, enquanto entre os rubro-negros só um não é brasileiro, o uruguaio Arrascaeta.

Jogadores do Flamengo comemoram gol diante do Al-Hilal, na semifinal
Jogadores do Flamengo comemoram gol diante do Al-Hilal, na semifinal - Kai Pfaffenbach/Reuters

O Flamengo tem mais um forasteiro, o espanhol Pablo Marí. O Liverpool um montão, verdadeira legião estrangeira que é o campeão europeu, uma seleção internacional.

Claro, o Flamengo tem no banco o português Jorge Jesus, como o Liverpool tem o alemão Jürgen Klopp.

Dos titulares ideais do clube, são ingleses apenas o volante Henderson e o extraordinário lateral-direito   Alexander-Arnold.

Foi dele o passe que resultou no 2 a 1 da sofrida vitória britânica sobre o mexicano Monterrey, marcado por Firmino no primeiro minuto dos acréscimos.

Ambos tinham acabado de entrar no jogo, facilidade que o Flamengo não encontrará na finalíssima.

Se na semifinal Klopp entrou com apenas quatro titulares, e com o meio-campista Henderson como zagueiro –mau zagueiro, diga-se–, agora deverá valorizar o esforço de quem abdicou da Copa da Liga Inglesa e não aceitará voltar de mãos abanando para a Inglaterra.

Em resumo: não tome o jogo contra o Monterrey como parâmetro.

Ah, mas os ingleses não dão pelota ao Mundial.

Tudo bem. Também não davam à Copa do Mundo, esnobaram as de 1930/34 e 38, resolveram vir ao Brasil na de 1950 para mostrar que eram os reis do futebol e foram eliminados pelos Estados Unidos, em Belo Horizonte.

Só vieram a ganhar uma Copa em 1966, quando a sediaram, com um gol cuja bola não entrou contra a Alemanha, e nunca mais chegaram nem a decidi-la.

Sabe a história das uvas verdes? Ou aquela de quem desdenha quer comprar?

Se perderem, o que é improvável, farão ar blasé. Se vencerem, comemorarão muito.

Já o Flamengo pode sim tirar boas lições da vitória sobre o Al-Hilal.

Por exemplo: Filipe Luís está no bagaço e Renê será melhor opção para sofrer com Salah; Diego tem entrado tão bem e sido decisivo a tal ponto que fica difícil resistir à tentação de escalá-lo desde o começo, embora o também desgastado Gerson venha dando conta do recado até sucumbir.

OK, Jesus, de acordo em botar Diego só no segundo tempo, mas não caia no erro de morrer abraçado com quem veio até aqui porque, no fundo, o próprio Filipe Luís, experiente como é, sabe que está mal.

O fenômeno causado pela temporada rubro-negra tem desafiado o provincianismo, o bairrismo e outros ismos.

Na terça-feira (17) esta Folha de S.Paulo chamou o jogo contra os sauditas na primeira página, algo que, por exemplo, O Globo, principal jornal carioca, não fez, certamente por saber que ninguém no Rio de Janeiro ignorava a existência do jogo.

Tudo dito e repetido, declaro publicamente que terei um gosto profundo de voltar a este espaço após a decisão para saudar o bicampeonato rubro-negro.

E para quem acha que os eventuais vencedores ficarão impossíveis, chatíssimos, fica a pergunta: por acaso não ficam chatérrimos também os corintianos, santistas, são-paulinos e palmeirenses quando vencem?

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