Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

O que nos aguarda no futebol em 2020

No masculino, o céu é rubro-negro, enquanto no feminino é tão róseo como pode ser azul

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Entre as vantagens de viver muito está a de poder viajar pelo tempo como se repetíssemos nossos ancestrais.

Nascido em 1950, eis que entro nos anos 20 como meus pais fizeram no século passado. Pode parecer bobagem, e vai ver é mesmo, mas não deixa de ser sensação curiosa.

Minha neta Julia um dia me disse ter inveja de quem pôde assistir à passagem do século 20 para o 21. Por que, não soube explicar.

Cada um é cada um e há quem curta as datas redondas assim como são muitos os que não dão bola para data alguma.

Fato é que estamos no primeiro domingo (5) do último ano da década dos 10 e do primeiro dos anos 20.

O que esperar?

Será preciso muito otimismo para apostar em bons tempos no Brasil, ao contrário da expectativa vivida uma década atrás. Com Bozo 38 em Brasília, e Joãozinho Nove em São Paulo, as perspectivas são sombrias, combinação de desvarios e marquetagens sem fim, frutos das más escolhas do eleitorado desinformado por notícias falsas e pelo poderio econômico.

Previsões, no entanto, são feitas para serem desmentidas pelos fatos, como bem sabem os jornalistas, os economistas e os meteorologistas.

Daí sempre sobrar espaço para acreditar no futuro e, sobretudo, para lutar por dias melhores.

Os que já atravessaram meio século e quase duas dezenas de primaveras têm de crer que verão o fim do inverno mesmo no outono da existência, cá entre nós, trocadilhos forçados e de gosto duvidoso.

E no futebol, o que nos aguarda?

No feminino, ao que tudo indica se a boa caminhada iniciada em 2019 seguir firme, o horizonte é tão róseo como pode ser azul, ótima notícia para uma nova era com menos preconceitos.

No masculino, céu rubro-negro. A menos que o inesperado faça das suas surpresas tão frequentes neste esporte apaixonante e que, no Brasil, ainda não revelou clube algum capaz de se autossustentar, desafio posto à Gávea.

Enormes pontos de interrogação estão diante do Trio de Ferro da capital e do enorme clube do litoral.

Tratemos de cada um, em ordem alfabética.

O Corinthians buscou o técnico brasileiro aparentemente mais moderno para ser posto à prova num clima de pressão por ele desconhecido. Além do mais, Tiago Nunes conviverá com dívida monstruosa, com irresponsabilidade financeira, clima político pesado em ano eleitoral e pré-Libertadores.

O Palmeiras vive situação bem mais tranquila, embora tenha buscado solução passadista com Vanderlei Luxemburgo e sacrificado sua soberania em troca da ambição de patrocinadora deslumbrada.

Ao Santos caberá tentar surpreender como fez no ano passado, também endividado, sob direção biruta, mas com a novidade do português Jesualdo Ferreira, que Deus o abençoe.

Finalmente, o São Paulo, que de tanto bater cabeça nos últimos tempos, ao menos, manteve Fernando Diniz, que precisa olhar para o Paulistinha como se fosse mesmo ão.

Parada decisiva mesmo, mas com pouca chance de sucesso, ainda será disputada no Senado.

Contraposta ao péssimo projeto de lei do clube-empresa apadrinhado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia —apenas um calote a mais na bolsa da viúva— há a ideia da Sociedade Anônima do Futebol, do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Caberá ao Senado o duplo papel de zagueiro para mandar a escanteio a lei ruim e de centroavante para fazer o gol da boa legislação.

Oremos.

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