Aleluia! Aleluia! Aleluia!
Perdão, rara leitora, perdão, raro leitor.
Eis aqui mais repetição.
Não apenas a do cântico de alegria porque neste domingo (23) mais quatro campeonatos estaduais chegam ao fim no desumano calendário do futebol brasileiro. Também o repeteco do que se insiste aqui, ali, pelo país afora, sobre a necessidade da reformulação completa desses torneios sem sentido para os grandes clubes brasileiros e fundamentais para os menores, razão pela qual deveriam ser disputados durante toda a temporada só entre esses.
No sábado (22) terminam os campeonatos do Rio e de Minas Gerais.
Neste domingo (23) chega a vez do Rio Grande do Sul, da Bahia e de Pernambuco, além de São Paulo.
Pense um Campeonato Paulista que bem conduzido, com política agressiva de marketing, estimule as rivalidades entre Campinas e Limeira, entre Taubaté e São José dos Campos, entre Araraquara e Ribeirão Preto, Itu e Jundiaí.
Veja a decisão baiana, entre o Bahia de Feira e o Atlético de Alagoinhas, a inédita final entre dois clubes do interior. Não é muito mais atraente que o eterno Ba-Vi?
Neste sábado tem Fla-Flu, não tem Atlético-MG e Cruzeiro, mas tem Atlético e América-MG. Quanta novidade! No Campeonato Brasileiro haverá mais dois.
Domingo tem Náutico e Sport, tem Gre-Nal, tem mais do mesmo, o de quase sempre.
E tem São Paulo e Palmeiras, a busca do time tricolor pelo título que escapa há 16 anos e da equipe alviverde pelo bicampeonato.
Quem ganhar, seja como for, no tempo normal ou na marca do pênalti, festejará, certamente mais no antigo Soberano que no Verdão.
Quem perder, também inevitavelmente mais no Morumbi que na Água Branca, terá de administrar uma crise, entre outros motivos porque perderam a invencibilidade na Libertadores ao se poupar para decidir o estadual.
Repita-se pela enésima vez: aqui não se prega a extinção dos estaduais, apenas a adequação deles ao século 21.
Enfim, o que esperar do Choque-Rei, 16h, no Morumbi?
O jogo de ida, na quinta-feira (20), sem gols, não chegou a surpreender, embora quase tenha decepcionado, não fossem os últimos dez minutos, quando chances de gols se sucederam como não aconteceu durante quase todo o clássico na casa palmeirense.
Porque nos chamados jogos de 180 minutos é comum os primeiros 90 serem enroscados, mais ainda nas circunstâncias atuais, quando o fator caso pesa menos, pois sem torcida. Basta dizer que nos seis centros mais importantes do futebol nacional, apenas no sul houve vencedor no primeiro jogo das finais, o Grêmio.
Daí que em todos os demais a repetição de empates levará as decisões à marca da cal.
Ao protagonizarem o embate inédito entre dois treinadores estrangeiros na Pauliceia, o argentino Hernán Crespo e o português Abel Ferreira foram cuidadosos, procuraram diminuir espaços e reproduziram a velha frase do ex-técnico Vanderlei Luxemburgo, ídolo no Palmeiras e frustrado por nunca ter sido convidado a trabalhar no São Paulo, “o medo de perder tira a vontade de vencer”.
Improvável ver o repeteco do espetáculo acontecido na grama artificial da casa verde agora no gramado natural do Morumbi.
Sessenta e quatro horas separam o fim do jogo de ida do começo do jogo de volta. Não é muito, é até pouco, mas 16 horas a mais do que tem acontecido no insano calendário causado por estaduais insanos e desinteressantes até chegarem ao dia derradeiro.
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