Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Descrição de chapéu Campeonato Paulista

Ameaça portuguesa com certeza em Itaquera

Corinthians recebe Lusa em clássico de seis pontos para fugir do rebaixamento

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A jovem e rara leitora, assim como o jovem e raro leitor, vai se surpreender, mas Corinthians e Portuguesa fizeram muita história ao cruzar seus bigodes, mais os dos lusos que os dos alvinegros.

Neste domingo (11), em Itaquera, com ares humilhantemente dramáticos porque estará em jogo ficar ou sair da zona do rebaixamento no campeonato estadual —e não no nacional que a turma do Canindé deixou de frequentar faz tempo, desde 2013, no nebuloso "Caso Heverton", uma trapalhada com tons de armação nunca bem explicada.

Será o 259º clássico, com 143 vitórias corintianas, 55 empates e 60 triunfos rubro-verdes.

Técnico português António Oliveira conversa com jogadores do Corinthians
Técnico português António Oliveira conversa com jogadores do Corinthians - Rodrigo Coca/Ag.Corinthians

Já houve de tudo no embate.

Desde goleadas do time de Parque São Jorge na década de 1920, ainda no amadorismo, de 10 a 1, 10 a 5 e 7 a 1, até empates por 5 a 5, em 1955, ou massacre lusitano por 7 a 0, no Pacaembu, em 1961 —quando o Corinthians recebeu o apelido de "Faz-me rir", bolero que fez sucesso à época na voz da hoje octogenária Edith Veiga.

O 5 a 5 enlouqueceu os 10 mil torcedores pelo Torneio Rio-São Paulo.

O Timão fez 1 a 0, tomou a virada de 3 a 1, virou para 5 a 3 e cedeu o empate.

O que estará reservado para este domingo só os deuses dos estádios sabem.

A decadência lusa é tamanha que será só a segunda vez que o time pisará no gramado de Itaquera, com visita única e derrota por 2 a 0 em 2015.

A Lusa teve momentos de clara superioridade sobre o rival, como entre junho de 1973 e abril de 1975, quando sustentou sete jogos seguidos de invencibilidade, com quatro vitórias.

Ou como entre 1996 e 1998, invicta em oito partidas consecutivas, com outras quatro vitórias.

Certa vez, no Parque São Jorge, ganhou por 3 a 0 com três gols do centroavante Mendes, jogador que virou manchete pela façanha e desapareceu na poeira da zona leste paulistana no ano de 1962.

Indiretamente, as relações entre os dois clubes quase implodiram o antigo Clube dos 13, porque Vicente Matheus, na hora de assinar o contrato que o fundaria, surpreendeu os demais 12 presidentes. "Se isso é bom para o São Paulo, não pode ser bom para o Corinthians", disse ao recusar a assinatura.

Ele estava magoado com o tricolor, que havia atravessado a negociação de desconhecido jogador luso, Renatinho, para o Corinthians, mas, na verdade, queria um patrocinador diferente da Coca-Cola, que respaldaria a Copa União de 1987, o verdadeiro c naquela temporada.

Dado o impasse, e para não melar a iniciativa revolucionária, os demais participantes engoliram a Kalunga na camisa corintiana, como já haviam aceitado a Lubrax na do Flamengo, com o que a multinacional de refrigerantes ficou sem sua marca nos dois clubes mais populares do país.

Enfim, Corinthians e Portuguesa fazem bater saudosos os corações da velha guarda e escreverão nova página em suas trajetórias para os jovens ansiosos por emoções fortes.

Pena que um atolado em dívidas monstruosas, sob direção inepta e obscura, e outra em luta permanente e inglória pela sobrevivência.

Dentro de campo, é óbvio o favoritismo dos anfitriões, mas uma sexta derrota em sequência trará repercussões inadministráveis para quem tem dificuldade em falar uma verdade que seja em meio às mentiras todas que conta.

Em resumo: outro insucesso alvinegro e o "Faz-me rir" virará "Déjà-Vu".

Conhece? Com Luan e Ana Castela. Baita sucesso.

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