Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Dinheiro e seu rastro são tema de série da Amazon que dá cara pop à economia

'O Monstro Gigante que É a Economia Global' consolida o subgênero entretenimento econômico

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homem em avião
Kal Penn na série 'O Monstro Gigante que É a Economia Global' - Divulgação

​Poderia ser mais um libelo defendendo ou atacando o capitalismo, mas não. “O Monstro Gigante que É a Economia Global” é uma incursão provocadora e divertida pelas falhas e pelos sucessos do sistema econômico prevalente.

“Monstro”, aliás, nem é a tradução mais feliz do título original, que leva em inglês a palavra “beast”, cuja conotação é mais positiva. A ideia que se quer passar é a de uma fera, algo em que se vê beleza e presteza, mas que também pode causar muito estrago quando não devidamente domada.

Pois um dos trunfos da série produzida pela Amazon Video é justamente driblar o maniqueísmo ao qual se costuma condenar o tema. O responsável é Adam McKay, diretor e roteirista do recente “Vice” e de “A Grande Aposta” (2015), cujo roteiro venceu o Oscar.

McKay é um crítico pragmático do capitalismo, apresentando-o como único sistema viável sem contudo edulcorar seus problemas. 

Não desrespeita a inteligência do espectador nem flerta com um mundo idealizado, preferindo mostrar aspectos curiosos decorrentes de seu bom e mau uso. Devia ser praxe, mas virou exceção.

O outro alicerce da série é seu apresentador, o ator cômico indoamericano Kal Penn.

Conhecido por protagonizar filmes besteirol como “Madrugada Muito Louca” (2004) e papéis secundários em “House” e “Designated Survivor”, Penn (nome de registro: Kalpen Suresh Modi) tem experiência em comunicação política desde que foi diretor-assistente de engajamento público do governo de Barack Obama, em 2010 e 2011.

Essa capacidade de falar claramente de assuntos áridos e e se pôr como ouvinte é útil ao lidar com um tema fadado a estereótipos e confusões.

O didatismo e humor com que os oito episódios de 45 minutos são conduzidos parecem consolidar um subgênero que cresce no gosto popular: o de “entretenimento econômico”, como há pouco chamou a atenção da coluna um espectador economista.

Com a polarização nos Estados Unidos, no Brasil e em outros cantos, séries e filmes sobre os meandros políticos ganharam número e público. 

Agora, na esteira do acirramento direita versus esquerda, das sucessivas crises globais e da inclusão digital e midiática, séries e programas sobre economia seguem o mesmo rumo. A excelente “Billions”, da Showtime (aqui, Netflix, que acaba de colocar a quarta temporada) vai nessa toada; “Ozark”, ao tratar de crimes financeiros, de certa forma, também.

“O Monstro Gigante” cresce como entretenimento ao usar de ponto de partida tanto aspectos óbvios (caso de contrabando e corrupção) quanto coisas sui generis —da indústria da borracha ao curioso mercado funerário.

O episódio da borracha, que tem um segmento sobre o Brasil e a defunta cidade de Fordlândia, é o melhor desta temporada de estreia; os demais versam sobre inteligência artificial, mentalidade de rico, lavagem de dinheiro e o dinheiro em si.

Dinheiro, por sinal, não parece ter sido problema para a produção, que salta da Alemanha para a Costa Oeste dos EUA para a Indonésia para a Índia em um corte seco.

E, se não bastar, há esquetes recompensadoras com comediantes famosos inseridos em cada um dos episódios. 

McKay atraiu Ed O’Neill (de “Modern Family” e “Um Amor de Família”), Zach Galifianakis (“Se Beber, Não Case”), Rashida Jones e Ed Helms (“The Office”), Ted Danson (“The Good Place”), Bobby Moynihan (“Saturday Night Live”), Thomas Middleditch (“Silicon Valley”) e outros nomes em ascensão. É uma preciosidade.

“O Monstro Gigante que É a Economia Global” está disponível na Amazon Video

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