"Ozark" volta ao ar nesta sexta-feira na Netflix para a primeira leva de sete episódios de sua temporada final, a ser concluída em 2023, após um intervalo de quase dois anos decorrente da pandemia.
É reconfortante encontrar novamente os Byrde, que vimos pela última vez no México, com pedacinhos do crânio de sua sócia pelas roupas, mesmo sabendo que será dolorido acompanhar o trecho final de sua derrocada moral, agora com os filhos.
Se nas duas temporadas anteriores acompanhamos a ascensão de Wendy (Laura Linney) como a porção menos escrupulosa e mais eficiente do casal, agora é a vez dos filhos dela com Marty (Jason Bateman), Charlotte e Jonah, mostrarem que a educação familiar de fato vingou por ali.
Na estreia, somos apresentados a uma cena intrigante do futuro dos Byrde, que pode ser sua libertação após quitarem as dívidas com todos os cartéis e quadrilhas e bandidos possíveis, interrompida bruscamente para então retornarmos de onde havíamos parado em 2020. É um elemento que "Breaking Bad", série com a qual "Ozark" tem muitos pontos comuns (os produtores refutam o parentesco, mas ele é nítido), segue funcionando.
Lembremos que Walter White não sobreviveu à sua escalada, e é possível que nem todos os Byrde o façam, o que transforma esta temporada em uma charada de "quem vai ser?".
Felizmente, há bem mais que os Byrde pelo caminho. A começar por Ruth, a caipira com instinto para negócios interpretada pela estupenda Julia Garner (mês que vem ela estreia como a protagonista da aguardada "Inventando Anna", na mesma plataforma).
Agora rompida com os Byrde —ou ao menos com Marty e Wendy—, ela se aproxima de Darlene (Lisa Emery), a produtora/traficante de heroína que se casou com seu primo e se torna uma bomba-relógio para o casal.
Do outro lado, a família mais calculista dos Estados Unidos profundos precisa lidar com o chefão de um cartel mexicano (Bruno Bichir) e seu sobrinho mimado psicopata, Javi (o astro mexicano Alfonso Herrera, da "Rebelde" original, "Sense8" e outras produções pop).
O cartel está em confronto com uma quadrilha rival e com Darlene, e aos Byrde caberá pavimentar um acordo com o FBI para que o chefão possa se livrar de ser preso caso pise nos EUA.
Mas é dentro de casa que parece estar o principal risco para os objetivos familiares: o adolescente Jonah.
O ator Skylar Gaertner cresceu muito no intervalo pandêmico, e, com ele, seu personagem. Após ver seu tio querido morrer por ordem de Wendy, o garoto tímido e cordato fica para trás, passando a agir de forma intempestiva e desafiando os pais (é o que todo adolescente faz, mas quando ele sabe lavar dinheiro, manejar escopetas e testemunhou os crimes da família toda a coisa muda de figura).
Os dilemas morais parecem ter ficado para trás, embora Marty continue a dizer para si mesmo e os demais que sua dívida será quitada e essa vida criminosa logo ficará para trás ("em um ou dois ciclos eleitorais ninguém nem vai lembrar", aponta Wendy com sarcasmo). Não, porém, sem baixas.
A primeira metade da quarta temporada de "Ozark" está disponível na Netflix a partir de sexta (21)
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