Ei, você, cidadão brasileiro em ano de eleições presidenciais. A campanha eleitoral nem começou e você já está cansado? Preparado para sair dos grupos de família, bater boca com desconhecidos, se decepcionar com seus artistas favoritos, rebater fake news esdrúxulas e se tornar monotemático por meses?
Calma, poderia ser muito pior. Você poderia ser a favor da reeleição de Jair Messias Bolsonaro. Sua missão? Defender o governo do atual presidente, apontando seus acertos e provando por A+B que o melhor caminho para o Brasil é manter tudo isso que está aí.
Apesar das divergências ideológicas, tento fazer o exercício de me colocar no lugar dessa decrescente parcela da população. Imagino a folha em branco diante do eleitor bolsonarista. Ele só precisa listar alguns pontos positivos de seu candidato —que não seja "pelo menos não é o Lula". Agora, ele precisa ser criativo. Não está acostumado a pensar. Mas topa o desafio e arrisca alguns caminhos:
"Bolsonaro é a favor das minorias. Em seu governo, o Brasil bateu recorde no número de bilionários, graças ao aumento da desigualdade social. Bilionários são uma minoria ínfima da população. E os direitos humanos são para todos, sem distinção de classe, raça, sexo et cetera."
"Bolsonaro gerou empregos. Deu cargos de poder a pessoas sem experiência para ocupá-los, dando oportunidades a quem não merecia ou sequer precisava, tamanha sua generosidade. Nota mental: citar Wal do Açaí."
"A oposição fica batendo na tecla dos 600 mil mortos de Covid-19, mas e o crescimento da indústria funerária, um setor fundamental do qual todos nós, sem exceção, vamos precisar um dia?"
"Bolsonaro prioriza a saúde. Isso fica nítido toda vez que uma crise atinge seu governo e sua reação imediata é se internar no hospital."
"No âmbito familiar, Bolsonaro é um pai presente, que transmitiu seus valores para os seus filhos, e os mantém sempre por perto. Pensando bem, melhor não mencionar os filhos."
Pelo visto, é bom já ir brainstormando. O eleitor do Bolsonaro tem um desafio árduo pela frente, que exige completa dissociação da realidade e pode levar ao burnout. Talvez seja mais fácil aderir à estratégia de seu candidato e simplesmente se ausentar do debate.
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