Manuela Cantuária

Roteirista e escritora, é criadora da série 'As Seguidoras' e trabalha com desenvolvimento de projetos audiovisuais

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Manuela Cantuária
Descrição de chapéu feminicídio

Virar votos não deve ser a causa de nossos debates, e sim a consequência

Temos que buscar compreender por que as pessoas votaram em Bolsonaro

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A paródia "Vira Voto" viraliza, graças a alguns dos artistas brasileiros mais relevantes da nossa geração, que fazem o gesto da arminha com a mão se transformar no "L" de Lula com uma simples viradinha de pulso.

Ironicamente, esse gesto é uma demonstração do pulso firme desses artistas e figuras públicas que estão se posicionando politicamente em um Brasil tão dividido, já que isso pode levar à perda de seguidores e contratos, além de outros prejuízos que não se comparam a mais quatro anos de governo Bolsonaro.

Bolsonaristas acusam a classe artística de apoiar o PT em benefício próprio. Isso por causa de uma visão deturpada da Lei Rouanet, que permite que pessoas físicas e jurídicas destinem para o setor cultural parte de recursos que seriam destinados ao Imposto de Renda. Sendo que esses projetos culturais geram empregos, lucro e movimentam a economia.

Ilustração de três mãos fazendo uma transição desde o sinal de "arminha" para o L de lula. desenho em preto e branco com fundo vermelho.
Ilustração de Silvis para coluna de Manuela Cantuária - Silvis

Economia essa que também não vai bem, assim como a educação, a saúde, o meio ambiente, a distribuição de renda e empregos e até a segurança pública —porque mesmo que os índices de homicídios estejam em declínio, isso já vinha acontecendo desde 2010, e muitos especialistas afirmam que as taxas poderiam ser muito menores se não fosse a política armamentista de Bolsonaro.

Bolsonaro tirou 94% dos recursos do combate à violência contra a mulher, e o índice de feminicídios disparou em seu governo. Diante desse cenário, se alguém me acusar de estar votando no Lula em benefício próprio, não estaria exatamente errado, embora eu tenha certeza de que minha escolha é a melhor para o país nesse momento. (E não preciso ter um pós-doutorado em ciência política para chegar a essa conclusão).

Digo tudo isso porque, nesse momento, me parece que virar votos não deve ser a causa de nossos debates, e sim a consequência. Quando converso com minha amiga de infância que votou no Bolsonaro, compreendo que ela faz isso porque quer um país mais seguro e próspero para a filha dela. Não quero provar que ela está errada, e sim que nós queremos a mesma coisa.

Para transformar uma arminha com a mão em "L", precisamos ver as coisas por outro ângulo. E é por causa de pessoas como a minha amiga de infância, que acredito que sejam a maioria dos brasileiros que votaram em Bolsonaro, que sinto mais esperança do que raiva. E digo a ela, e diria a todos eles, se pudesse: venceremos.

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