Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Maria Inês Dolci
Descrição de chapéu
Maria Inês Dolci

O que as relações de consumo têm a ver com as tragédias climáticas

Após tragédia no RS, consumidores não podem mais admitir empresas que não despertaram para efeitos da devastação ambiental

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O Brasil não pode mais continuar de costas para as mudanças climáticas depois da destruição e do sofrimento provocados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Além da solidariedade e da empatia que têm se multiplicado por todo o país e até por outros países, teremos de mudar as relações de consumo para reduzir os impactos mais negativos dos eventos climáticos extremos.

s empresas que ainda não despertaram
Vista aérea de rodovia destruída pelas chuvas em Canoas (RS) - Nelson Almeida - 13.mai.2024/AFP

E, nessa mudança, consumidores e consumidoras, vocês são fundamentais, decisivos mesmo. Eleitores e eleitoras também têm de perceber que votar em candidatos negacionistas, que não acreditam nos terríveis efeitos da devastação ambiental, é contribuir para que haja mais eventos trágicos como as inundações que fazem gaúchos perderem vidas, casas, trabalho e até as cidades em que moram.

Não se pode mais admitir que nos vendam produtos poluentes, seja devido a seus insumos, processo de produção, armazenamento ou distribuição. As empresas que ainda não despertaram para novas formas de fabricar e vender seus produtos devem ser obrigadas pelos consumidores a mudar de pensamento e de prática.

Bancos que financiam companhias poluentes devem receber cartão vermelho. Não basta um discurso bacana, ambientalmente correto, se na prática subsidiarem financeiramente os inimigos do planeta.
Temos de cobrar nossos representantes –nas Câmara de Vereadores, nas Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional –que não aprovem nem proponham mudanças que precarizem o código florestal, nem as que admitam o uso de substâncias proibidas em outros países. São os casos, por exemplo, de agrotóxicos e de inseticidas. Alô, autoridades dos três poderes, vamos rever já essas permissões?

Produtos fabricados com madeira devem informar a procedência deste insumo. Caso contrário, talvez estejamos comprando móveis feitos com madeira extraída por madeireiros ilegais, que predam áreas de conservação ambiental e reservas indígenas.

Da mesma forma, há que exigir a comprovação de que produtos fabricados com ouro, pedras e metais não usam insumos do garimpo ilegal, que prolifera na Amazônia, gerando terrível dano à natureza e aos povos originários.

A sociedade civil deve ser organizar para fiscalizar, também, a procedência de roupas em geral. Se vierem de locais inóspitos em que trabalham pessoas em situação análoga à escravização, não são opções com preços mais em conta, e sim fruto da exploração e de crime hediondo.

Até não calibrar os pneus do carro periodicamente é um desleixo que aumenta o consumo de combustível, e que, portanto, ajuda a emporcalhar o ar das grandes e médias cidades.

E, a propósito, governo federal e demais autoridades, não é possível que o preço do álcool combustível só valha a pena em alguns estados. Mexam-se e mudem esse cenário, porque, parodiando o coelho de "Alice no País das Maravilhas", para salvar o planeta " temos pressa, temos pressa, temos muita pressa".

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.