“O Supremo Tribunal Federal confirmou a prisão em flagrante do réu… do deputado Daniel… o nome todo como é, ministro Alexandre?”, perguntou Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal. O sobrenome é Silveira, mas poderia ser apenas “aquele cara que quebrou a placa com o nome da vereadora Marielle”.
É o maior e único feito que levou um delinquente desconhecido a conquistar uma cadeira na Câmara dos Deputados, na onda do bolsonarismo, o que diz ainda mais sobre ele. De lá para cá, ele soma em seu currículo ações que atentam contra as instituições, como as ameaças ao STF, que o levaram em cana.
Não que Fux não devesse ser mais cuidadoso ao tratar de um assunto importante, que pode mostrar a força do STF e definir os rumos de uma democracia que já anda ladeira abaixo, mas revela o grau de importância do réu como indivíduo no cenário político: nenhum.
Silveira se comporta como um bandido certo da impunidade, íntimo de um sistema que só funciona para preto pobre. É investigado por tráfico de anabolizantes, acumulou prisões e punições como soldado da PM, o que ostenta com orgulho. Ao ser encaminhado ao IML, se recusou a usar uma máscara e desrespeitou a oficial de plantão.
Quando perguntam como o Rio de Janeiro virou refém do crime organizado é só ver o tipo de gente que nos representa. Bom lembrar que o episódio da placa envolve o governador afastado Wilson Witzel. Há ainda um terceiro, eleito deputado estadual. Tutti buona gente.
A valentia de Daniel Silveira tem outro estímulo. Ele, assim como muitos bolsonaristas que ganharam alguma notoriedade, acredita que goza da intimidade e da proteção do presidente. Até o momento nenhuma palavra do Planalto em defesa do deputado. Foi assim com a extremista Sara Giromini e também com o blogueiro Eusébio Eustáquio, abandonados quando a lei foi rigorosa. Um a um descobrindo que bandido bom só os da gangue Bolsonaro.
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