O tucano histórico Tião Farias afirma que o apoio do governador Rodrigo Garcia (PSDB) à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) representa "uma agressão" e "uma traição" à história do PSDB. Diz, ainda, que planeja se desligar da legenda que ajudou a fundar. "Acabou para mim", afirma à coluna.
Nesta terça-feira (4), Rodrigo Garcia declarou seu apoio "incondicional" a Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo, e a Bolsonaro na corrida pela Presidência da República.
Ex-secretário da Casa Civil de Mario Covas (1930-2001), Tião Farias diz que a associação do PSDB a Jair Bolsonaro no pleito de 2022 não faz jus à defesa da social democracia, bandeira que dá nome ao partido. "Isso é agredir e ofender toda a nossa história, é ofender aqueles que já se foram", afirma ele.
"Seria mais honesto o Rodrigo desfiliar do PSDB e voltar ao seu antigo partido antes de declarar apoio ao Bolsonaro", acrescenta.
Nesta terça, o governador paulista afirmou que o PSDB nacional decidirá pela neutralidade no segundo turno, liberando seus filiados a apoiar Bolsonaro ou o ex-presidente Lula (PT).
"Mario Covas dizia o seguinte: se o político tiver caráter e apreço pela democracia, serve até como adversário. Se não tiver, não serve nem como companheiro. Isso resume tudo. Bolsonaro não tem caráter nem apreço pelo democracia", afirma Tião Farias.
O tucano histórico, que declara voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta eleição, afirma que o petista recebeu o apoio de Covas no pleito de 1989 "por muito menos" —naquele ano, a disputa se afunilou entre Lula e Fernando Collor.
"[O partido] já vinha meio capenga, agora descambou", diz ele, que afirma ser questionado até mesmo por familiares sobre a sua permanência no partido.
"Não tem mais como ficar no PSDB, agora acabou. Seria uma traição com aqueles que fundaram o partido se eu ficasse no PSDB", diz, citando o apoio de Rodrigo Garcia do presidente da República. "É difícil ficar num partido que apoie um fascista."
Rodrigo terminou o primeiro turno da eleição em terceiro lugar, com 18,4% dos votos válidos, e não avançou para o segundo turno, numa derrota histórica para o PSDB no estado.
O apoio declarado dos tucanos paulistas a Tarcísio e Bolsonaro é um revés para as campanhas de Fernando Haddad (PT) e Lula (PT), que também buscavam atrair a sigla nesta segunda etapa da disputa em que enfrentam os bolsonaristas. Tarcísio terminou com 42,32% contra 35,70% do petista.
Como mostrou a coluna, Haddad procurou interlocutores do governador de São Paulo para tentar atraí-lo para seu palanque no segundo turno das eleições no estado.
Ouviu como resposta que Garcia resistia a apoiar o PT, por questões políticas e também pessoais.
O governador teria mágoa de Haddad pelo fato de seu irmão, Marco Aurélio Garcia, ter sido condenado por lavagem de dinheiro no escândalo da máfia dos fiscais. O esquema foi investigado pela gestão do petista quando ele era prefeito da cidade de São Paulo.
Desde então, a família de Rodrigo Garcia teria aversão ao ex-prefeito.
TRAJE A RIGOR
O cantor Wilson Simoninha se apresentou no jantar de gala do Hospital do Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente a à Criança com Câncer), realizado na Sala São Paulo, na capital paulista, na segunda-feira (3). A noite teve como anfitrião o ex-ministro Maílson da Nóbrega, que comandou a Fazenda de 1987 a 1990. O jornalista Carlos Tramontina esteve lá.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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