O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro receberá autoridades, entidades, movimentos sociais e cidadãos na terça-feira (13) para discutir a prática de assédio judicial contra jornalistas. A audiência é motivada pelo caso do escritor João Paulo Cuenca, conhecido como J.P. Cuenca, que responde a mais de cem processos movidos por pastores da Igreja Universal.
Em junho de 2020, Cuenca publicou em um perfil nas redes sociais que "o brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal".
A mensagem parafraseava uma citação de Jean Meslier, autor do século 18, cuja versão original afirma que "o homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre".
O autor chegou ao final daquele ano contabilizando 134 ações judiciais e quase R$ 2,3 milhões em pedidos de indenizações. Atualmente, ele responde a 144 processos movidos por pastores da denominação.
O suposto uso inadequado do Judiciário para causar constrangimento contra Cuenca é investigado em um inquérito civil aberto junto à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do MPF do Rio.
"Esse inquérito é fundamental. Quando entendi o tamanho do meu problema, os 144 processos, sempre pensei que iria até o fim para que ninguém mais tivesse que passar por isso. E para que ninguém tivesse mais medo de ser vítima de uma ação coordenada dessas", afirma Cuenca à coluna.
"Espero que do outro lado do túnel haja algum tipo de jurisprudência contra esse tipo de lawfare [perseguição de adversários por meios judiciais], infelizmente cada vez mais comum", diz ainda.
Na época da publicação, a Igreja Universal negou que estivesse coordenando a apresentação das ações e defendeu a adoção de medidas individuais por seus líderes.
J.P. Cuenca participará presencialmente da audiência de terça-feira. A realização do evento também atende a um pedido apresentado pela Associação Brasileira de Imprensa para discutir o caso e o tema do assédio judicial.
A reunião será conduzida pelo Procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Julio José Araujo Junior, e poderá ser acompanhada pelo canal do órgão no YouTube.
MICROFONE
A cantora Karol Conká e a vocalista do Paradise Guerrilla, Starlight, se apresentaram na cerimônia de premiação do Music Video Festival, realizado no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, na semana passada. A cantora Rachel Reis levou o prêmio de melhor videoclipe do ano, em votação do júri, por "Lovezinho". O evento é idealizado por Lia Vissotto.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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