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Malafaia usa cristianismo para 'santificar golpistas', diz Pastor Henrique Vieira sobre ato pró-Bolsonaro

OUTRO LADO: Líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo afirma que deputado do PSOL reproduz uma 'narrativa mentirosa'

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O deputado federal Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) diz que o envolvimento de Silas Malafaia enquanto idealizador e organizador do ato com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na avenida Paulista, em São Paulo, expõe o uso do cristianismo para tentar "purificar" atos antidemocráticos ocorridos no Brasil.

Fundador da Igreja Batista do Caminho, Vieira afirma que o bolsonarismo não respeita os princípios, os pactos e os limites que caracterizam uma democracia —e que Malafaia repete o feito ao usar sua posição de pastor para viabilizar, econômica e moralmente, uma manifestação de caráter político-ideológico.

O Pastor Henrique Vieira durante seminário realizado pela Folha, em São Paulo, em 2019 - Reinaldo Canato - 10.jun.2019/Folhapress

"Malafaia mistura e investe todos os recursos que tem —muitos deles, adquiridos através do manejo da espiritualidade das pessoas— para normalizar, tornar aceitável e purificar ideologicamente a conspiração bolsonarista contra a democracia", afirma o parlamentar do PSOL à coluna.

"Está evidente, diante dos nossos olhos, que a religião está sendo usada mais uma vez para santificar golpistas e para louvar as estratégias antidemocráticas da extrema direita. Parece que, para Malafaia e seus discípulos, vale todo tipo de jogo, por mais baixo que seja, para normalizar o golpe diante de toda a sociedade brasileira", diz ainda.

"É cinismo estratégico em nome da religião", completa o deputado federal e pastor.

Os custos do ato bolsonarista, marcado para o próximo domingo (25), inicialmente ficariam a cargo da Associação Vitória em Cristo, fundada por Malafaia. Um dia após anunciar os recursos, porém, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo recuou.

"A Associação Vitória em Cristo, que no seu estatuto prevê que ela pode bancar manifestações públicas [...] não pagará um centavo. A responsabilidade é minha e pessoal", escreveu Malafaia, em publicação nas redes sociais. A mudança se deu em meio a críticas de que o dinheiro que seria usado para bancar o ato pró-Bolsonaro teria vindo de fiéis.

"[Malafaia] mistura e confunde propositalmente sua posição como pastor, a lógica religiosa do ministério Vitória em Cristo e o apelo espiritual da sua confissão religiosa, blindando todas essas subjetividades com o escudo do CNPJ da sua associação", afirma Vieira.

Procurado pela coluna, Malafaia diz que o deputado do PSOL adota uma "narrativa mentirosa" e critica o fato de Vieira ser uma liderança religiosa alinhada à esquerda.

"Como ele é um bom 'miquinho' da esquerda, ele está domesticado para essa narrativa mentirosa. E avisa ele que ele esqueceu de que a única coisa que a Bíblia dá paternidade ao diabo é a mentira", afirma o pastor da Vitória em Cristo.

"O que eu fico admirado é um pastor que se diz pastor apoiar uma ideologia e apoiar Lula, que diz que tem orgulho de ser comunista. Comunistas mataram milhões de cristãos ao redor do mundo", segue. "Eu queria saber que tipo de pastor ele", afirma ainda. "Ele vai contra os princípios do evangelho", finaliza.

Bolsonaro chamou apoiadores para o ato na avenida Paulista em meio às investigações da Polícia Federal, que apura uma tentativa de golpe de Estado para manter o então presidente no poder.

No vídeo que começou a circular entre aliados no dia 12 deste mês, Bolsonaro pede aos apoiadores que não levem faixas e cartazes contra ninguém e fala em ato de apoio ao Estado democrático de Direito.


RELEITURA

As cantoras Maria Luiza Jobim e Silvia Machete posam ao lado de piano que foi de Tom Jobim - Alex Santana/Divulgação

A cantora Silvia Machete lançará no próximo dia 27 uma nova versão da canção "Two Kites", de Antônio Carlos Jobim. A faixa será um dueto interpretado por ela e por Maria Luiza Jobim, filha do maestro. "Ela me disse que 'Two Kites' era uma das suas canções favoritas do repertório do Tom", conta Machete.

A regravação antecede o lançamento do álbum Rhonda 2, que reunirá apenas canções autorais de Machete —"Two Kites" será a única exceção à regra. "Achei que caberia no novo álbum, até porque em Rhonda [seu álbum anterior] eu gravei uma música em inglês do Tim Maia", explica a cantora.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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