O Financial Times partiu do discurso de Lula na COP27 para destacar que ele traz uma "visão expansiva para a política externa", com atenção a meio ambiente, multilateralismo e integração regional. Entrevista o ex-chanceler Celso Amorim, que diz que a nova agenda "já começou":
"Haverá grande ênfase no combate à mudança climática, no aprofundamento da integração com a América Latina e na renovação das relações com a África. A reforma da governança global vai fazer parte disso, assim como boas relações com os Estados Unidos e boas relações com a China."
No entanto, a exemplo do que houve com a escolha para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Washington ou, mais especificamente, o Departamento do Tesouro, de Janet Yellen, também já começou a agir.
Citando autoridades americanas anônimas, a Reuters noticia que os "EUA visam impor sanções a desmatadores do Brasil" e até "mineradores de ouro", recorrendo às chamadas sanções globais Magnitsky —que são da alçada de Yellen e, originalmente, visavam "punir acusados de corrupção".
Segundo a agência, "autoridades dos EUA já começaram o processo de investigação de alvos específicos, com penas que variam de lista negra de visto às sanções Magnitsky". Envolve, além do Tesouro, o Departamento de Estado.
"Mas ainda há dúvidas sobre como Lula verá o plano, que está em estágio inicial", diz a Reuters. "Ele acredita que Washington ajudou os procuradores brasileiros a prendê-lo, com acusações de corrupção, e várias vezes expressou irritação com o braço longo das leis americanas."
RENMINBI, NÃO DÓLAR
Também a China já começou a agir, via comércio. Além de liberar nas últimas semanas a importação de milho, farelo de soja e até aviões do Brasil, ecoou por veículos como Jingji Ribao ou Diário Econômico, de Pequim, que a moeda chinesa, renminbi, passou a ser usada pelo agro na compra de fertilizantes da Rússia.
E também na China estão atentos aos pronunciamentos do futuro presidente. O portal Guancha, de Xangai, que fez no ano passado uma longa entrevista com Lula, então em início de campanha, verteu para o chinês e publicou no alto da home page o discurso em que ele chorou.
DE VOLTA A SÃO PAULO
Em meio à boa vontade com o Brasil no noticiário, o jornal The New York Times (reprodução acima) indica um fim de semana em São Paulo, com sugestões como andar e comer pastel no Elevado João Goulart ou Minhocão, "Big Worm", e visitar o reaberto Museu do Ipiranga, com sua "visão extremamente crítica da forma como a história é tradicionalmente ensinada" no país.
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