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Marcelo Duarte é escritor, jornalista e, acima de tudo, curioso

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Saiba como surgiram os debates políticos

Curioso não foge da discussão e conta até por que esse tipo de atração foi proibida no Brasil

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Política é coisa de criança? Taí uma boa pergunta. Acho que sim, pois todas as decisões tomadas hoje irão impactar na sua vida lá no futuro. Por isso, os debates políticos são importantes para entendermos as propostas e os currículos dos candidatos.

O problema é que eles começam sempre tarde e terminam já de madrugada. Você acaba não podendo assistir porque tem aula no dia seguinte, não é assim?

Debate dos presenciáveis para as eleições de 2022, organizado em pool pela Folha, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura. - Bruno Santos/Folhapress

Milhões de brasileiros também precisam acordar cedo para trabalhar (será que custava ficar sem o telejornal e a novela uma vez na vida e começar mais cedo?). Se bem que seus pais, que têm se esforçado tanto para ensinar que "mentir é errado", poderiam ficar desconfortáveis deixando você acompanhar certos políticos espalhando desinformação o tempo todo —na maior naturalidade.

É, muitas questões a ser debatidas...

Quem inventou o debate político?

O primeiro debate entre candidatos na TV aconteceu nos Estados Unidos, em 26 de setembro de 1960, entre John Fitzgerald Kennedy (Partido Democrata) e Richard Nixon (Partido Republicano), que disputavam a presidência.

Outros dois debates foram apresentados na sequência, em 7 e 13 de outubro (o último foi remoto, com os candidatos separados a quase 5.000 quilômetros de distância). JFK venceu as eleições naquele ano.

No Brasil, a novidade chegou em 9 de setembro de 1974. O debate foi entre candidatos ao Senado, Nestor Jost (Arena) e Paulo Brossard (MDB), e foi ao ar pela TV Gaúcha, atual RBS.

Antes disso, em 15 de setembro de 1960, o programa "Pinga-Fogo", da TV Tupi, propôs um debate entre os candidatos à presidência. Ademar de Barros e Henrique Teixeira Lott aceitaram o convite. Jânio Quadros pulou fora e foi fazer um comício em Recife.

O fujão acabou sendo eleito na última eleição presidencial antes do golpe militar de 1964. Ou seja: o Brasil teve que esperar 29 anos para votar novamente para presidente.

Os debates foram proibidos no Brasil logo depois. Por quê?

Os candidatos governistas não se saíram bem na eleição de 1974. A solução encontrada foi bem antidemocrática.

Em 1976, o então ministro da Justiça do Brasil, Armando Falcão, criou uma lei que recebeu o nome dele, a Lei Falcão, que restringia a propaganda eleitoral na TV. Era permitido apenas divulgar a foto do candidato, sua legenda, o currículo e o número de registro na Justiça Eleitoral. Mas nada de abrir a boca.

Os debates ficaram de fora. A Lei Falcão foi revogada em 1984, mas apenas em 1985 os debates foram regulamentados. Em 1982, alguns debates driblaram a Lei Falcão. Reynaldo de Barros (PDS) e Franco Montoro (PMDB), candidatos ao governo de São Paulo, debateram no SBT e na Bandeirantes, por exemplo.

Os debates são sempre tensos?

Tem horas em que os debates esquentam mesmo. Candidatos trocam acusações pesadas, os ânimos se exaltam e o clima fecha (e os apresentadores que se virem para retomar a ordem). Mas há também momentos de humor involuntário.

Em 2010, no debate entre candidatos de São Paulo ao Senado, Marcelo Henrique, do PSOL, fez uma troca de nomes. Ele se atrapalhou ao se referir ao programa "Vai e Volta", criado pela candidata Marta Suplicy, do PT, à época em que era prefeita de São Paulo. Ele disse que o nome do programa de ônibus escolares era "Leva e Traz".

Mais uma: na disputa pelo governo do Distrito Federal de 2010, a candidata do PSC, Weslian Roriz, foi muito ironizada por seu desempenho no primeiro debate. A mulher do ex-governador Joaquim Roriz (que teve sua candidatura barrada) cometeu uma série de gafes, e disse frases que não faziam qualquer sentido.

Uma delas sobre combate à corrupção foi lacradora: "Olha, doutor Agnelo [Agnelo Queiroz, seu adversário]… Nós vamos intensificar o combate. Não seria o combate. De tudo aquilo que o senhor perguntou para mim, eu gostaria de dar uma resposta muito franca, eu gostaria que o senhor repetisse pra mim qual foi mesmo a pergunta que fez".

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