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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Doações 'antifraude' de R$ 1 de bolsonaristas levam caos à campanha do presidente

Depósitos de valores baixos serviriam como parâmetro para comprovar apoio, mas alto volume gerou entrave burocrático

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São Paulo

Um movimento de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) para doar R$ 1 ou valores similares para a campanha do presidente tem gerado dificuldades burocráticas e contábeis para a chapa.

A ideia da ação dos apoiadores é a de que todos os que forem votar em Bolsonaro doem valores baixos para a campanha, que é obrigada a emitir recibos eleitorais numerados.

Com isso, eles teriam um parâmetro contra possíveis fraudes nas urnas eletrônicas —o presidente tem insistido em fake news sobre a manipulação delas.

Mensagem de bolsonarista incentivando doações de R$ 1 para a campanha
Mensagem de bolsonarista incentivando doações de R$ 1 para a campanha do presidente - Reprodução

"Só R$ 1 para declarar o voto em apoio à reeleição do Bolsonaro, o que servirá de parâmetro antifraude. Já fiz a minha parte", diz uma dessas mensagens de incentivo às doações de baixo valor às quais o Painel teve acesso.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou em uma rede social, nesta terça, que doações eram bem-vindas e que a campanha era espontânea. A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) também fez um vídeo para esclarecer que o Pix da campanha de fato existe.

Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e advogado da campanha, calcula que já foram feitas cerca de 300 mil doações do tipo, em valor médio de R$ 2.

Os extratos de doação de campanha têm que ser feitos individualmente e envolvem um trabalho detalhado de preenchimento de informações. Na prática, diz, o custo contábil envolvido na prestação de contas de cada doação é maior que os R$ 2.

"Foi um movimento espontâneo, que surgiu na internet, e que gerou na gente essa preocupação. Tudo isso está de acordo com a lei, claro. Mas como temos o prazo de 72 horas para fazer as prestações de contas parciais, o contador estava um pouco aflito. O volume é muito grande para fazer no braço. Ontem ele estava desenvolvendo uma metodologia de tecnologia da informação para cumprir as tarefas. O próprio Banco do Brasil estava com dificuldades em rodar os extratos para a gente juntar na prestação de contas", afirma Vieira.

Nesse sentido, diz, reforçar a equipe contábil seria "enxugar gelo". A única solução possível deverá ser o desenvolvimento de um programa capaz de dar conta do grande volume de contribuições pequenas, ainda mais se o movimento se alastrar para milhões de bolsonaristas.

Ele afirma que não seria de bom tom desestimular o movimento e que de R$ 1 em R$ 1 é possível chegar a um valor que ajude a campanha financeiramente, caso uma solução contábil seja encontrada.

"Hoje é uma questão mais tecnológica que jurídica. A matéria ainda não está definida, no entanto. Ontem o contador colocou esse problema e eu disse que não tem alternativas, temos que prestar contas de tudo. Devolver, que parte da equipe entendia que poderia resolver o problema, é tão complexo quanto contabilizar e ficar com os valores. Devolver um por um também não é fácil", explica.

O ex-ministro afirma que solicitou que esses valores sejam colocados em uma anotação específica, separados, e que não sejam utilizados enquanto pensam em uma resolução. Ele classifica o caso como inédito e objeto de estudo.

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