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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Mulher de dirigente recebe de fundo o mesmo que 12 candidatas do União-RJ

Daniela do Waguinho teve direito a R$ 3 milhões; ato na segunda protestará contra distribuição dos recursos

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Brasília

A candidata a deputada federal Flávia Fróes (União-RJ) vai organizar um ato na próxima segunda-feira (19) no Rio de Janeiro para denunciar o desequilíbrio na distribuição de recursos do fundo eleitoral para as candidaturas femininas e negras.

Levantamento feito pelo Painel mostra que, no diretório estadual do Rio de Janeiro do União Brasil, os sete candidatos que receberam menos do que R$ 100 mil são todos negros e mulheres. A Missionária Carla Max VK, por exemplo, recebeu R$ 15 mil; Nane Carvalho, R$ 35 mil. Ambas são mulheres e negras.

Entre as mulheres, a distribuição também é desigual. Danielle Cunha, filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, obteve R$ 2 milhões. É a segunda candidata mulher com mais recursos disponíveis.

Mas a campeã de repasses no diretório é Daniela do Waguinho, mulher do presidente do diretório estadual, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho Carneiro. A ela couberam R$ 3 milhões.

Deputada federal Daniela do Waguinho (União-RJ) durante sessão de comissão na Câmara dos Deputados
Deputada federal Daniela do Waguinho (União-RJ) durante sessão de comissão na Câmara dos Deputados - Billy Boss/Câmara dos Deputados

O valor equivale a pouco mais que a soma do recebido por todas as outras candidaturas femininas, exceto Danielle Cunha. As outras 11 postulantes receberam, juntas, R$ 3,2 milhões.

Entre os homens, apenas dois, que se declararam negros, receberam menos que R$ 100 mil. O partido destinou R$ 30 mil para Coronel Melo e R$ 50 mil para Sandro Cruz.

De acordo com Flávia Fróes, que recebeu R$ 50 mil, o problema não atinge apenas o União Brasil e o ato que ela organiza na próxima segunda-feira na Cinelândia tem já 37 adeptos de outros partidos como o Podemos, o Agir e o PTB.

"A misoginia e o racismo na política são muito grandes. Eles usam as mulheres de laranja para manter os velhos caciques no poder, para manter o fundo eleitoral. Elas não escolheram ser laranjas, são feitas de laranjas pelos homens", diz Flávia, que migrou do PSOL para o União no último dia da janela partidária atraída pela promessa de divisão igualitária dos recursos.

Ela disse que quando procura o partido, a direção garante que o dinheiro virá até o fim da campanha. "Mas não tem mais como recuperar o que foi perdido. Mesmo que dividissem tudo igual a partir de agora, os homens brancos já largaram na frente", critica.

Waguinho Carneiro rebate as acusações de desequilíbrio na distribuição. Segundo ele, a discrepância se dá porque os repasses para mulheres e negros estão sendo feitos pelo diretório nacional, justamente para garantir que as cotas definidas pelo TSE sejam cumpridas. Por estarem sob supervisão da área de compliance da legenda, as transferências demoram mais para serem efetivadas, justifica.

Sobre os repasses a sua mulher, Waguinho esclarece que ela recebe mais porque a regra no partido é que candidatos com mandato têm direito ao teto definido pelo TSE, de R$ 3.176.572,53. Já Daniela Cunha tem preferência porque é encarada como um investimento, uma potencial puxadora de votos.

A assessoria do União Brasil nacional afirma que os repasses para mulheres e negros foram priorizados em relação aos de homens brancos, mas que serão liberados em três lotes. O terço final dos recursos solicitados pelas instâncias estaduais a cada candidato deve ser liberado a partir dessa semana.

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