A drag queen Ruth Venceremos aceitou convite feito pelo ministro Paulo Pimenta e será assessora de diversidade e participação social da Secretaria Especial de Comunicação Social do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Militante do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) e defensora das pautas dos movimentos LGBTQIA+ e negro, Ruth é pedagoga, mestre em educação pela Unicamp e primeira suplente de deputada federal pelo PT do Distrito Federal.
Ruth diz ao Painel que sua nomeação vai na contramão do desmonte dos mecanismos de participação social durante o governo Jair Bolsonaro (PL) e que pretende exercer na comunicação um processo de escuta da sociedade civil a partir do que aprendeu como pedagoga, drag queen e militante sem-terra.
"O meu corpo, por si só, já fala, como eu costumo dizer. Sou uma bicha preta, nordestina, do interior do Pernambuco, com trajetória no MST. A gente viu que, no último período, as pautas que envolvem os direitos humanos foram excluídas do espaço do Executivo. A gente, que estará na Secretaria de Comunicação, cuidando da comunicação mais institucional, não pode ignorar o que é a representação do povo brasileiro hoje, com uma diversidade de sujeitos, que deve aparecer como um próprio projeto de governo", afirma.
Erivan Hilário dos Santos criou Ruth Venceremos em 2015, em meio à militância contra a LGBTfobia dentro do MST, movimento do qual começou a fazer parte aos 13 anos de idade, quando sua família se juntou a um assentamento em Pernambuco.
"É muito emblemático. Eu, como sujeito, sou tudo que o bolsonarismo tentou destruir no último período. Estar em um espaço como a Secom é fundamental para abrir espaço para dizer para outros como eu: 'olha, nós podemos chegar lá com capacidade técnica e olhar sobre os direitos humanos'", completa.
Pimenta diz à coluna que a função de assessor para diversidade será criada em todos os ministérios com o propósito de garantir, segundo ele, um olhar transversal sobre cidadania e luta contra o preconceito.
"Vai ser criada uma rede, que vai atuar junto à Secretaria-Geral da Presidência, pela promoção da diversidade, da participação popular", afirma o ministro.
Pimenta diz que o posto poderá ser ocupado por qualquer pessoa engajada na luta pela representatividade de diversos grupos, como negros, indígenas, LGBTQIA+ e mulheres.
"Convidei a Ruth porque acho que ela tem representação simbólica muito importante e tem um perfil que deve ser valorizado", conclui.
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