O movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que reúne organizações do mundo favoráveis à causa palestina, afirma estar "profundamente chocado" com a aprovação pela Câmara dos Deputados no último dia 18 de acordos de cooperação do Brasil com Israel, assinados durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL).
O Comitê Nacional Palestino do BDS pede que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revogue os acordos. Em nota ao Painel, o comitê diz ser "particularmente vergonhoso" o fato de que um dos acordos aprovados seja na área de segurança pública.
O movimento também critica acordo assinado em 2019 por Bolsonaro e aprovado em 2021 pelo Senado de cooperação na área de Defesa.
"Muitas pessoas no Brasil, especialmente a comunidade negra, sabem que estes acordos militares, de cooperação para tecnologia, armamentos e treinamento não irão apenas exacerbar a matança na Palestina, mas também no Brasil", diz o texto do BDS.
O movimento descreve a aprovação como "demonstração de cumplicidade flagrante por parte das instituições estatais do Brasil naquilo que especialistas em direito internacional descrevem como um genocídio israelense em curso contra o povo palestino."
O acordo na área de segurança pública prevê interação entre as agências de segurança e inteligência dos dois países em investigações, uso da tecnologia da informação, troca de experiências em situações de crise e ações de inteligência.
A cooperação na área de Defesa prevê intercâmbio de tecnologias, treinamento e educação em questões militares.
Os outros dois acordos aprovados na quarta (18) estabelecem regras comuns para a aviação civil e garantem que brasileiros e israelenses poderão ter direitos previdenciários, se trabalharem em qualquer um dos países.
O acordo sobre segurança gerou divergência na base. A bancada petista votou favoravelmente, enquanto PCdoB e PSOL se posicionaram contrariamente.
O BDS pede, na nota, que o governo brasileiro desfaça os acordos, solicite um cessar-fogo imediato na guerra e articule o acesso imediato de ajuda humanitária a Gaza.
O BDS é apoiado por personalidades como o músico inglês Roger Waters, ex-integrante da banda Pink Floyd, e a escritora irlandesa Sally Rooney, que chegou a ter obras retiradas de livrarias israelenses após se recusar a traduzir um de seus títulos para o hebraico.
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