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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Eleição impulsiona fortuna ao exterior, mas cenário global afeta lógica, diz gestor

CEO do Julius Baer, Fernando Vallada, diz que empresa quer dobrar de tamanho no Brasil

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São Paulo

O presidente do Julius Baer no Brasil, Fernando Vallada, vê um momento complexo, especialmente pelo mercado exterior, e com sinais antagônicos. "Sempre que tem uma eleição complexa, polarizada, os clientes se interessam por envio de recursos ao exterior como forma de proteção. Mas tem um evento representativo, essa queda dos mercados internacionais, afetando essa lógica", diz.

A visão para o Brasil é otimista, diz ele, com potencial para a gestão de fortunas. A empresa não revela números de ativos sob gestão no país, mas a meta é dobrar em sete anos.

Imagem mostra Fernando Vallada de braços cruzados. Ele usa blazer xadrez e uma camisa branca. Vallada está na frente de um corredor amarelado.
Fernando Vallada, CEO do Julius Baer Advisory Office - Divulgação

O sr. assumiu o posto de CEO em um ano complexo do ponto de vista macroeconômico. Como tem sido? Estou há pouco mais de três anos no Julius Baer. Inicialmente, atuei como representante do grupo no Brasil. Há um ano, montamos uma unidade de consultoria de investimento no exterior e, em abril, tomou-se a decisão de unificar a gestão das duas empresas, family office e consultoria.

É um ano conturbado, especialmente pelo mercado no exterior, muita volatilidade. Há coisas, de certa forma, antagônicas. Por exemplo, sempre que se tem uma eleição complexa, polarizada, os clientes se interessam mais por envio de recursos ao exterior como forma de proteção.

Mas tem um evento representativo, essa queda dos mercados internacionais, afetando essa lógica. Na taxa de câmbio, também houve uma apreciação do dólar frente ao real. É meio que um contrassenso e, ao mesmo tempo, uma elevação da taxa de juros doméstica expressiva.

E o que acontece? Aquilo que seria o natural, o esperado, não aconteceu. Volta a moeda local a ser o protagonista dos investimentos no Brasil. Acho que esse é um evento contraintuitivo. Os mercados lá fora se acalmando um pouco, mas há grande dúvida com relação a recessão nos Estados Unidos ou não, e o que isso teria como efeito tanto na economia americana como na global. Mas é complexo. É um cenário desafiador.

Apesar de tudo, vocês são otimistas com o Brasil? Não tem como ser relevante na América Latina se você não for relevante no Brasil. Além disso, o banco vem investindo aqui desde 2011. O grupo Julius Baer comprou 30% da GPS em 2011, foi elevando a participação até chegar a 100%. Em 2018, comprou a Reliance.

O Brasil tem a capacidade de geração de riqueza. Boa parte das empresas ainda é familiar, vão passar por IPO, por um ciclo de fusão ou vão ser adquiridas. Essas famílias passam por grandes eventos de liquidez, e é aí que a gente entra ajudando a preservarem a prosperidade.

E o Brasil vem passando, tem momentos em que existe pico ou redução, mas historicamente a gente vem gerando riqueza, vem gerando liquidez através dos tempos. É isso o que interessa no país. É a dimensão, o potencial de crescimento e a possibilidade e quantidade de eventos de liquidez que a gente deve ver.

Qual é dimensão desse mercado brasileiro para a empresa? Somos um dos nove mercados prioritários do Julius Baer no mundo. Recentemente, nos últimos meses, quando o nosso CEO fez a declaração da estratégia para os próximos anos, entre Suíça, Alemanha, Espanha, Reino Unido, está também o Brasil.

São investimentos que vêm sendo feitos desde 2011 e sempre de olho no potencial de mercado. A gente quer dobrar nosso tamanho no Brasil em sete anos. Em 2030, a nossa expectativa é que tenhamos o dobro do volume de ativos de clientes brasileiros, quer seja localmente ou internacionalmente.

É uma ambição grande, que reflete a importância do Brasil dentro do cenário, da importância de se crescer a estrutura, de ampliar a oferta de serviços. O Brasil é peça-chave na estratégia de crescimento dos próximos anos.

O período eleitoral começou oficialmente na semana passada. O que muda? Não muda. Como wealth management [gestão de patrimônio], temos que estar preparados para qualquer cenário. Essa é a nossa preocupação. Somos agnósticos com relação a partido ou governante que vai entrar. O nosso papel é observar o cenário econômico e tentar extrair do cenário político quais seriam as possibilidades e os caminhos a serem seguidos daqui para a frente.

E é muito preliminar neste momento. Então, a gente observa. Na medida em que a gente tem mais subsídios, a gente se prepara para estar longo em câmbio ou em Bolsa, ou em inflação.

É um pouco resultado dessas observações que levam a uma definição de estratégia de investimento. E existem diferentes perfis de investimento. Existe o cliente mais agressivo, o mais conservador. O cenário serve como inspiração, mas cada mandato define a forma de se alocar.

Não são tantos os cenários possíveis. Tem dois candidatos à frente e outros distantes. O que esperam de cada um? É cedo para dizer. Eu acho que a gente não tem subsídio. Acho que é reação do mercado a provocações, a ideias que estão sendo trazidas. Não tem materialidade ainda para mudar radicalmente qualquer visão que a gente tenha. É mais nesse sentido.

Ainda tem uma série de discussões, de composições que provavelmente podem levar ao caminho A, B ou C. Apenas começou a campanha e acho que mais para a frente vamos ter mais clareza de cenários, composições, propostas, na medida em que as coisas amadureçam um pouco mais.


Raio-X

O executivo chegou ao Julius Baer em 2019 como consultor estratégico para o Brasil e assumiu a posição de CEO do Julius Baer Advisory Office na sua inauguração em abril do ano passado. Antes de trabalhar no Julius Baer, ele ocupou posições seniores em empresas como Goldman Sachs, ABN AMRO Real e Citibank.

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