A Stara, companhia que fabrica máquinas agrícolas, foi multada nesta terça (30) pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) porque não entregou as demonstrações financeiras de 2022. A diretoria foi multada em quase R$ 1 milhão.
É mais um revés na lista de problemas da empresa do Rio Grande do Sul que pertence a Átila Trennepohl.
Em 2022, logo após o primeiro turno das eleições, a companhia enviou comunicado a fornecedores dizendo que faria cortes nos negócios, caso Lula vencesse a disputa.
À época, Átila Trennepohl fez um vídeo confirmando a existência da carta. Disse que havia a previsão de crescimento de 30% para 2023, porém a "instabilidade política e possível alteração de diretrizes econômicas", com a eventual vitória de Lula, atrapalhariam os negócios.
Segundo a CVM, a decisão de não entregar os documentos foi tomada pelo conselho de administração da Stara, que alegou problemas internos.
Naquele momento, a companhia tentava negociar a compra da participação de acionistas minoritários, mas encontrou dificuldades no processo.
A cúpula da empresa optou, então, por não enviar a documentação à CVM, temendo tumulto no processo de compra e venda das ações dos minoritários.
De acordo com a CVM, a decisão foi tomada pelo próprio Átila Trennepohl, diretor presidente da Stara, Gilson Trennepohl, presidente do conselho, Fernando Trennepohl e Susana Trennepohl, ambos membros do conselho.
Outro problema foi a não convocação de assembleia geral de acionistas. A empresa afirmou que os acionistas não tinham interesse na reunião. No entanto, segundo a CVM, não existem documentos que indiquem a manifestação dos acionistas à diretoria da Stara em relação à operação.
Átila e Susana foram multados em R$ 313 mil cada. Ricardo Éber Diaz, diretor de relações com investidores, recebeu multa de R$ 275 mil. Gilson e Fernando foram multados em R$ 38,5 mil cada. Outros quatro diretores foram absolvidos.
Além da carta de Átila Trennepohl aos fornecedores na eleição de 2022, diversas denúncias feitas à Justiça Eleitoral deram conta de tentativas de coação eleitoral junto aos funcionários para que eles votassem em Jair Bolsonaro (PSL).
Ao longo da campanha, Gilson e Susana Trennepohl doaram mais de R$ 1,5 milhão a aliados do ex-presidente Bolsonaro na região Sul.
Em abril do ano passado, a Stara foi condenada pelo Ministério Público do Trabalho da 4ª Região a pagar R$ 1,5 milhão em indenização por danos morais coletivos.
Durante as eleições de 2024 e 2026, a empresa será obrigada a veicular comunicados ressaltando o direito de cidadania e voto livre de seus funcionários.
Procurada, a Stara não respondeu até a publicação desta reportagem.
Com Diego Felix
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.